ARTIGO

Quem você seria sem as redes sociais?


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Foto: reprodução Freepick

“As redes sociais são uma armadilha.” (Zygmunt Bauman - 1925-2017), sociólogo e filósofo polonês, autor do conceito de modernidade líquida, onde mostra que estamos vivendo tempos de instabilidade e volatilidade. Tema polêmico e de muitas opiniões, as redes sociais estão aí no dia a dia de todos; auxiliando ou atrapalhando? Ajudando mais na construção ou na destruição?

Redes sociais. Potencial ferramenta para assassinar o tempo... Sim, o tempo, que nos faz reclamar tanto de sua própria falta. Paradoxo? Existe senso equilibrado sobre falta de prioridade e conscientização do que é útil e do que não é? Mas, o que é útil e... o que não é?

Redes sociais. Lugar onde desconhecidos frequentam sua história; onde inimigos viram amigos e vice-versa, um palco onde curiosos desfocam suas vidas e focam na dos outros. Comentários vão e vem, num círculo vicioso de cinismo e interesse aleatórios, afinal, é mais fácil escrever “tamujunto” ou mandar um emoji do que visitar alguém e fazer algo real, mesmo porque existem outras coisas para se fazer na vida “real”.

Redes sociais. Lugar onde quem você segue, comenta ou curte, revela quem você é. Mas você realmente sabe quem é a pessoa que você segue? Ou só a conhece na “internet”?

Redes sociais. Lugar onde as pessoas, quando começam a precisar de outras, gostam de suas publicações e acham relevantes e auxiliadoras, mas não curtem para que você não tenha evidência. Falsos sentimentos, interesses e conflitos internos que revelam almas que precisam de ajuda e estão criando doenças para elas mesmas.

Redes sociais. Cenário perfeito para muitos que querem se esconder de si mesmos, ser quem não são ou enfrentar o que e quem eles nunca enfrentariam olho no olho. Lugar onde a crítica não tem educação. “Tanto a mais elevada quanto a mais baixa forma de crítica é uma espécie de autobiografia” (Oscar Wilde). Quanta reflexão há por trás dessa frase!

Steven Stosny (PhD), que já escreveu vários livros tratando dos mais diversos problemas de relacionamento e mal-uso das emoções, explica que pessoas críticas sabem que a crítica que não é construtiva não vale a pena, mas não param, porque “precisam” disso para defender o próprio ego.

E podemos ir além nisso, porque a Internet hoje está abrindo buracos emocionais cada vez maiores nas pessoas, que, ao mesmo tempo e perigosamente, tentam “cobrir” estes buracos com coisas que, infelizmente, estão escancarando ainda mais o diâmetro desses buracos.

Em seus estudos sobre felicidade, Freud mostra que ela é proporcionada pelo mundo para cobrir uma falta que é perene, e, por isso mesmo, nunca será obtida plenamente. Temos um grande aliado nisso: o capitalismo, que nos faz cobrir estes buracos com viagens, empregos, compras, sucesso, curtidas, críticas, crenças, etc. Para complementar este cenário, as pessoas, então, “precisam” mostrar isso para o mundo, postando nas redes sociais imagens e frases belíssimas, que até podem ser reais fisicamente, mas em muitos casos são autoenganadoras, pois querem “amenizar” algo que lá dentro, castiga.

Não, não precisamos disso, mesmo porque, na vida que é real, a “realidade” não é essa. Fique tranquilo, nem tudo é como as redes sociais pintam ou “orientam”... Pondere, pois a grama do vizinho pode ser sintética!

Mas, afinal:

Quem e o que é real na sua vida?

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