Numa jornada pelo emaranhado da história, encontramos torres que, apesar de distantes, em materialidade, compartilham similaridades profundas. A Torre de Babel e a Torre de Papel.
Desde tempos imemoráveis, as torres têm representado muito mais do que simples estruturas físicas. Elas são manifestações de aspirações humanas, sejam elas materiais, psicológicas, políticas, religiosas ou de status.
A motivação por trás da construção de torres transcende o simples desejo de alcançar grandes alturas. Ela reflete a busca incessante por superação, poder e reconhecimento.
A Torre de Babel, em sua natureza, é um exemplo emblemático desse desejo humano. Sua motivação, permeada por nuances sociais e religiosas, almejava alcançar os céus e desafiar a autoridade divina. Seus construtores, inspirados pela grandiosidade e unidade, idealizaram um monumento que rivalizava com os próprios deuses. Porém, problemas surgiram quando a comunicação entre os trabalhadores começou a falhar, cada um falando uma língua diferente, resultado na incompreensão e discordância, quando resultou na dispersão das pessoas e abandono das obras.
Atualmente, encontramos amostras do desentendimento social em todas as camadas da sociedade organizada, imersos em um mar de burocracia e ilegalidade.
Por exceção, por excesso de informação trazida pelas redes virtuais, tem-se a impressão que estamos começando a nos desentender.
As torres de papel, representadas pelos cartórios de diferentes atividades, como o geográfico, de imóveis, como carros e outros veículos, de nascimento, de óbito e muitos outros que se disseminaram pela sociedade, acompanhando seu desenvolver, hoje já se transformando em torres virtuais, já comanda as atividades humanas das antigas torres de papel com seus inúmeros termos de significação e códigos a saber: laudos, notificações, embargos, atestados, retificações, autorizações, procurações e muitos outros sonhos.
Neste mundo, aonde se começam a ser sentidas as múltiplas diversidades da vida biológica micro e macro, da vida mental da ignorância do conhecimento, a sabedoria da aceitação, nesse processo do entendimento, pergunta-se quando o desentendimento humano pode ser corrigido? Pelo que se costuma observar, o processo do raciocínio lógico não está sendo suficiente para galgarmos a esperança de uma outra linguagem que não fosse a da razão que leva ao pensamento científico, a linguagem da simbologia que levou o entendimento de como chegamos até aqui; a linguagem fisionômica que deu desenvolvimento a um certo grau de ascensão ao lógico; a linguagem política que continua a nos empurrar para a dúvida da clareza da razão de viver; da linguagem do gesto que são absorvidos de maneira lenta e não são propostas para o começo de conversa; a linguagem do coração diretas aos sentimentos para adotarmos essa nova tentativa de reaver a paz interior sem dispensar o aspecto científico, com o “Existo, logo sinto”.