Nas atividades diárias em que nos movimentamos, quaisquer que sejam elas, sempre podemos ser surpreendidos por alguém que nos solicite ajuda, direta ou indiretamente: o familiar, o amigo, o colega de trabalho, alguém na via pública – nunca sabemos de onde pode vir uma solicitação de auxílio.
Nem sempre um pedido de ajuda se faz ostensivo e claro. Muitas vezes, sem que alguém nos dirija a palavra, podemos perceber o abatimento no semblante alheio, a tristeza no olhar de quem nos observa, a angústia expressa sem palavras de quem convive conosco, o aturdimento de quem se encontra em franco desequilíbrio, a súplica muda que parte de corações a um passo do desespero.
Na nossa sociedade, predominantemente egoísta, imediatista e materialista, raras são as oportunidades que oferecemos para que haja um espaço de escuta, de acolhimento e de encontro onde a ajuda possa ocorrer. Geralmente apressados em busca de coisas secundárias e de somenos importância, temos dificuldade de silenciar, ainda que momentaneamente, nossos interesses egoístas e ambições desmedidas para enxergar o mundo à nossa volta. Quando o fazemos, reconhecemos uma multidão de necessitados, irmãos em angústia existencial superlativa, enfrentando dores acerbas e faceando problemas que, se fossem nossos, talvez não teríamos forças para solucionar.
O amor – base e fundamento de todas as religiões – pede que prestemos atenção às necessidades alheias e que busquemos auxiliar da melhor maneira possível quem se encontra em sofrimento de variada ordem. Em qualquer situação, sempre podemos prestar alguma ajuda, se não material ou financeira, talvez uma escuta atenta, um sorriso encorajador, um olhar compassivo, uma palavra de alento, uma sugestão inspiradora, uma presença de apoio. Para quem se encontra em aflição, o mínimo que lhe seja ofertado pode ser a dose de ânimo que lhe faltava para prosseguir até a vitória… Ainda que não disponhamos de nada material a oferecer, a oração é recurso sempre presente, bastando a boa vontade de quem se disponha a enviar energias renovadoras a quem delas necessite.
O mundo atual, em crescente crise, apresenta desafios que pedem cada vez mais a colaboração coletiva, pois somente o exercício legítimo da fraternidade, como expressão do amor, poderá minimizar sofrimentos e colaborar na solução de qualquer problema.
Toda situação que necessite de nossa cooperação pode ser considerada um sinal da vida pedindo-nos que deixemos de lado quaisquer questões pessoais ou egoicas para o auxílio imediato a quem dele precisa. Esse movimento nos transporta da dimensão do ego em que habitualmente nos situamos para a nossa realidade transcendente, permitindo-nos sentir a todos como irmãos da família universal, o que favorece ações verdadeiramente benéficas.
Em um mundo cada vez mais conectado, que esse vínculo não se dê apenas em compartilhamento de textos e de imagens nas redes sociais, mas igualmente na presença amorosa e fraterna que se faz necessária em tantos momentos desafiadores e difíceis. Que nossa suposta fé demonstre ser verdadeira por nossas obras, na presença ativa diante de situações que nos requisitem a colaboração efetiva e a boa vontade.
Em todos os caminhos espirituais genuínos é enfatizada a importância de estarmos em prontidão para auxiliar onde e como possamos fazê-lo, tornando-nos, desse modo, participantes ativos na transformação da sociedade em que vivemos, integrando a rede de seres a serviço do novo mundo que se anuncia.