ARTIGO

Maternidade


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Foto: Reprodução

Maternidade representa uma palavra que leva a refletir sobre o nascimento de um filho, processo esse para tornar-se mãe. E tornar-se mãe não é um processo pronto, pois quando inicia se a gestação nasce uma mãe, que não estará pronta e sim, será o inicio de um processo contínuo de desenvolvimento dessa maternidade, que será construída dia a dia em contato com as experiências diárias.

Quando a criança nasce, mesmo que ela tenha sido gerada no ventre, há um longo período de adaptação, que passa por um processo de melancolia, medo e até tristeza pode estar presente nessa empreitada. Há uma intensa cobrança da sociedade para a maternidade na vida das mulheres, como delegando a felicidade a tal realização, porém não é algo tão facilitado como sugere os valores da sociedade. Não se aperta um botão e automaticamente tudo será aprendido, desde administrar o tempo, o corpo, cuidados com o bebê, aprender a lidar com cada fase do desenvolvimento, com descobertas diárias do processo de adaptação da criança ao ‘’mundo’’ e, sobretudo com o conteúdo da individualidade de cada mãe que surge com cada obstáculo e conquista desse percurso que sugere a maternidade.

 Muitas pessoas de modo geral, acreditam que para realizar sonhos, basta sonhar, basta ter o desejo intenso, porém se deparam com um processo que existe até a realização deste sonho tornar-se realidade. E cada um sonha conforme sua visão, gerada pelos conteúdos investidos no decorrer de todo o desenvolvimento, de toda sua existência, conforme valores culturais, sociais, familiares.

Mas há um preço a ser investido e quitado no decorrer do processo da maternidade, há a dor do crescimento, da escolha, do ajuste das rotas, de lutar pelo que se quer e principalmente, da espera produtiva que é aquela que faz parte da própria existência, e nem sempre está sobre o nosso controle, espera a parte que nos cabe, aprendendo inclusive a discernir a hora de mudar. Tudo isso não ocorrer em um processo linear, equilibrado e facilitado, ocorre de acordo com as emoções que se aprende a organizar no decorrer do tempo, experiências essas do dia a dia.

Existem dias que ansiedade exacerba, outros a melancolia, por vezes virá um entusiasmo com grande motivação para prosseguir em frente. Nesse período é comum a busca por diversas informações, capacitações, cursos, conversas com pessoas mais experientes, em um percurso longo para adaptar o sonho a realidade. Adaptar-se a realidade e deparar-se que nem tudo sai como planejado e sim como possível para o momento, necessitando de adaptação, correção de rota e isso nunca irá simbolizar o caminho errado, mas o caminho possível.

 Muitas vezes para algumas mulheres a maternidade não é um sonho possível, porém é sempre possível maternar uma carreira nova ou mesmo crescimento em uma carreira escolhida, um relacionamento novo, ter amigos, desenvolver networking, comprar um carro, uma casa ou mesmo ‘’viver a beira mar vendendo sanduíche natural com água de coco na praia’’. Sonhos são individuais, não é possível julgar como certo ou errado, e muitas vezes percorremos por esse caminho solitário, observando por dois, porém se pudermos ter por perto pessoas que compartilhem o mesmo sonho conosco, pode ser ‘’incrível’’ uma parceria. Não somos no individual auto-suficientes, então se pudermos escolher pessoas que caminhem junto, promovendo fortalecimento,  facilita inclusive olhar sobre outros pontos de vista, corrigindo possíveis caminhos. É possível maternar sonhos com coragem porque assim como um ‘’ filho que não podemos continuar a desenvolver na barriga, depois que nasce’’, para o sonho não existe retorno, só é possível seguir adiante, acreditar, lutar, adaptar, enfim transformar.

 Todos têm o direito de sonhar, e para aqueles que não sonham ou se consideram sem sonhos, pode ser falta de estimulo para ter coragem de assumir aquilo que sonha, almeja e deseja no profundo. Não podemos considerar o ‘’ tanto faz’’ uma escolha razoável para a existência, é necessário se despir dos mecanismos de defesa, assim assumindo responsabilidades, mesmo que no decorrer do percurso seja necessário lidar com frustrações, pois não é possível negar os obstáculos que fogem do controle.

E que fique claro que maternidade não é sinônimo de escolha tranqüila, é sinônimo de turbulência, agitação, ora de pequena e outras de grande repercussão, é uma caminhada que tem inicio porem não tem fim, mas trás sempre grande encanto no decorrer do processo.

Ana Carolina Carvalho Pascoalete.

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