CULTURA

Pesquisador lança livro ‘A Indústria no Berço da Imigração Europeia’

Trata-se do volume 2 da saga; Piracicaba foi pioneira na imigração europeia em São Paulo e no Brasil

Por Nani Camargo | 20/04/2024 | Tempo de leitura: 5 min

Arquivo/José Eduardo Heflinger Júnior

Trem da Companhia Paulista; Piracicaba foi pioneira na imigração europeia em São Paulo e no Brasil
Trem da Companhia Paulista; Piracicaba foi pioneira na imigração europeia em São Paulo e no Brasil

A chegada de imigrantes de diferentes países impulsionou a economia, ajudou a definir a identidade e influenciou diretamente a cultura de Piracicaba. A cidade, que até o século 19 se chamava Vila Nova da Constituição, foi pioneira na imigração europeia no Estado de São Paulo e no Brasil.

Piracicaba foi pioneira na imigração europeia em São Paulo e no Brasil.

Desde meados da década de 1980, o pesquisador José Eduardo Heflinger Júnior tem contribuído com a reconstituição da história documental do “Berço da Imigração Europeia pelo Sistema de Parceria”. São 40 anos de pesquisas intensas, em dezenas de viagens e imersões em arquivos e museus, públicos e particulares, brasileiros e europeus. Heflinger é um dos mais ativos e incansáveis investigadores da história da Imigração Europeia pelo Sistema de Parceria e do reflexo desta modalidade de imigração na história das cidades de Limeira, Cordeirópolis, Iracemápolis, Itu, Piracicaba, entre outras.

O pesquisador realiza suas pesquisas a partir do cruzamento dos fatos registrados em documentos originais, desde o início do século XIX, momento em que as terras onde surgiram essas povoações pertenciam à Vila de Itu e, posteriormente à Vila Nova da Constituição (Piracicaba).

No livro “A Indústria no Berço da Imigração Europeia” – Volume 1, José Eduardo publicou os primórdios da industrialização na região de Limeira, a partir do início do século XIX, quando teve início um polo agroindustrial produtor de açúcar, cuja mão de obra era composta pelos escravos africanos.

A Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) é citada no livro:

As fotos desses elementos, atualmente pertencentes a José Eduardo Heflinger Júnior, são raríssimas e foram incorporadas ao acervo do autor em uma de suas viagens à Munique. A Dra. Lotte Köhler, presidente da Fundação Köhler, herdou as imagens do álbum de José Vergueiro, filho do Senador Vergueiro, proprietário da Fazenda Ibicaba (Cordeirópolis – SP).

A história de Carlota Brune, avó da Dra. Lotte, e sua ligação com a família do Senador Vergueiro e com a Ibicaba, foi publicada por José Eduardo Heflinger Júnior na obra “Um Conto de Fada da Imigração Alemã”.  No primeiro volume da coleção “A Indústria no Berço da Imigração Europeia”, Heflinger também focou o emprego de máquinas para beneficiamento do café pelo Senador Vergueiro e avança até a configuração do vasto parque industrial da atualidade, constituído por empresas importantes em nível internacional.

No livro “A Indústria no Berço da Imigração Europeia” – Volume 2 – o pesquisador dá continuidade à narrativa referente à agroindústria, a responsável pela constituição da povoação de “Nossa Senhora das Dores de Tatuhiby”, que deu origem às cidades de Limeira, Cordeirópolis e Iracemápolis. Nesta obra bilíngue, contando com a contribuição da competente tradutora Irene Sinnecker, o pesquisador publica fatos alusivos ao plantio, benefício e exportação da laranja.

Abaixo, a Cia Prada, em Limeira.

O pesquisador aponta documentos antigos que registram a introdução da laranja no Brasil e, deixando o bairrismo de lado, comenta que, apesar da importância da cidade no cultivo da laranja e do pioneirismo na exportação para a Europa, utilizando métodos californianos, não seria conveniente considerar Limeira como berço da citricultura nacional. Em janeiro de 1502, a frota portuguesa, comandada por D. Nuno Manuel e pilotada pelo célebre Américo Vespúcio, largou na Ilha de Cananéia um “bacharel” que havia sido condenado ao degredo. Muitos estudiosos da história do Estado de São Paulo escreveram artigos alusivos à possível identidade do “Bacharel de Cananéia”.

Se o nome se perdeu, sua obra ficou registrada. Rodolfo Garcia, comentador da terceira edição integral da “História Geral do Brasil”, de Varnhagen (Melhoramentos, São Paulo, 1926), registrou excertos de um relatório feito por um viajante espanhol em 1540. Trata-se do primeiro documento encontrado que registra a presença de árvores cítricas no território brasileiro.

No que tange ao Volume 2 da supracitada coleção, contando com a preciosa colaboração de Roberto Falascina, filho de Danilo Falascina e Theresa D’Andréa, José Eduardo Heflinger Júnior dá continuidade à história das indústrias de máquinas instaladas no município de Limeira. Neste volume, os leitores conhecerão a saga da família D’Andréa, desde o final da década de 1880, com a chegada do jovem Pascoal D’Andréa no Rio de Janeiro a procura de novas frentes de trabalho. Em 1917, Francisco D’Andréa, um dos filhos de Pascoal, ainda com 17 anos, começou a trabalhar na “B. Penteado & Cia.” (“Machina São Paulo”), recém-instalada na cidade de Limeira, sob a direção do ilustre engenheiro Dr. Trajano de Barros Camargo.

A partir da década de 1920, Francisco D’Andréa teve seu grande crescimento profissional, desenvolvendo e montando máquinas agrícolas cafeeiras no interior paulista, sendo, por isso, reconhecido pelos seus méritos, chegando a chefiar toda a linha de produção da empresa. A ”Machina São Paulo” foi a grande escola profissional de inúmeros cidadãos, que, posteriormente, empregando os conhecimentos adquiridos, constituíram empresas que contribuíram com o desenvolvimento da cidade de Limeira.

Enfim, os apaixonados pela história terão oportunidade de conhecer os fatos alusivos à formação profissional de Francisco D’Andréa, sua participação na “Machina S. Paulo”, a fase de prestação de serviços, como autônomo, após sua demissão da empresa, até a constituição da “Indústrias Máquina D’Andréa S.A”.

A obra é enriquecida com mais de duzentas fotos raríssimas e foi incentivada pela Lei Rouanet, projeto administrado pelo Ministério da Cultura, patrocinada pela Cirúrgica Fernandes e pela Usina Santa Lúcia. Em contrapartida, o autor, cumprindo o plano de distribuição aprovado pelo supracitado ministério, realizará a doação de 1000 exemplares do livro para escolas, universidades, museus, bibliotecas e arquivos públicos, imprensa e patrocinadores.

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