MENTE

Estudo da Esalq identifica razões para ‘fuga de cérebros’ brasileiros

Alguns profissionais ainda decidem trocar de carreira para conciliar saúde e tempo de qualidade

Por Roberto Gardinalli | 07/04/2024 | Tempo de leitura: 2 min
roberto.gardinalli@jpjornal.com.br

Roberto Gardinalli/JP

Países como Estados Unidos e Canadá são os favoritos
Países como Estados Unidos e Canadá são os favoritos

Uma pesquisa desenvolvida na Esalq (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) analisou uma tendência que envolve a saída de profissionais brasileiros para trabalharem em outras regiões do planeta. É a chamada “fuga de cérebros”. O estudo, desenvolvido pelo economista Guilherme de Souza Campos Portugal Santos, do programa de pós-graduação da Esalq, revelou que os principais motivos para a saída dos profissionais brasileiros envolve desde o padrão de vida no país até o respeito pela carreira.

Para a elaboração da pesquisa, foram utilizados dados entre 2015 e 2020, além de entrevistas com profissionais brasileiros que vivem em países como França, Alemanha, Estados Unidos, Irlanda do Norte, Reino Unido, Portugal, Hungria e África do Sul. Segundo o economista, a pesquisa contextualiza o fenômeno em meio a um período de instabilidade política e econômica no Brasil, no qual políticas e programas de incentivo à formação universitária e em ciência e tecnologia foram descontinuados. Segundo a plataforma “Diáspora Científica do Brasil”, 1.487 cientistas brasileiros estão desenvolvendo pesquisa em mais de quarenta países. Já o Centro de Gestão e Estudos Estratégicos estima que 6,7 mil cientistas deixaram o Brasil nos últimos anos.

Os resultados revelam que a principal motivação para a emigração é o desejo de alcançar um melhor padrão de vida, que envolve maior poder de compra e equilíbrio entre trabalho e tempo livre. Como lado negativo para a experiência, foram citados pelos entrevistados problemas como intolerância, a xenofobia e as dificuldades de adaptação cultural. Além disso, muitos entrevistados destacam a superioridade do SUS (Sistema Único de Saúde) brasileiro em comparação com o acesso à saúde nos países estrangeiros.

Segundo o autor da pesquisa, a mudança dos profissionais muitas vezes não está atrelada à possibilidade de continuar a carreira iniciada no Brasil. Em casos analisados, os “cérebros” optam por fazer trabalhos que sejam considerados operacionais ou “braçais”, com prioridade à qualidade de vida e dignidade. “Ou seja, há uma parcela de “cérebros” que se submete à categoria de “braços” em sua nova jornada profissional, como apresentado por 43,5% dos entrevistados”, disse Guilherme.

Em um dos casos apresentados na pesquisa, uma entrevistada que possui mestrado em Letras trabalhava como repositora em um supermercado na Irlanda do Norte. Segundo ela, a nova vida permitia equilíbrio entre tempo e saúde. “Essa realidade aponta para um panorama complexo, pois é visível uma capacidade produtiva e intelectual ímpar subutilizada na sociedade brasileira, levando à desistência de sonhos, talentos e carreiras”, completou.

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