ARTIGO

Hidrogênio: uma nova fronteira

Por Luciano Almeida | 04/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

O município de Piracicaba é reconhecido mundialmente como importante polo de biocombustíveis e bioenergia devido à riqueza da sua cultura agrícola, concentrada principalmente na pesquisa e produção da cana-de-açúcar e, consequentemente, do etanol. Mas é preciso olhar para o passado para entender a cronologia dos fatos que alicerçaram a nossa história até que atingíssemos o status de cidade inteligente com um ecossistema de inovação e tecnologia bem-sucedido.

Neste olhar pelo retrovisor destaco o surgimento da “gloriosa” Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz (Esalq) no ano de 1901 e a fundação da Indústria Dedini, em 1920, que se evidenciou pela fabricação de máquinas e equipamentos para o setor sucroalcooleiro. Também ressalto a criação do Centro de Energia Nuclear na Agricultura (Cena), em 1966, e da Copersucar, em 1969, uma das pioneiras na área de biotecnologia, hoje Centro de Tecnologia Canavieira (CTC). Presenciamos ainda, em 2006, a criação do Arranjo Produtivo Local do Álcool (APLA), que fomentou a interação entre todos os agentes da cadeia agroindustrial da cana-de-açúcar e do Parque Tecnológico Piracicaba em 2012, que nasceu como referência no setor sucroenergético e automobilístico, tornando-se fundamental para a nossa narrativa de desenvolvimento.

No entanto, após essa retrospectiva fica uma pergunta no ar: o que faremos para continuar na vanguarda da história dos biocombustíveis e bioenergia?

Foi para responder esse questionamento que a Prefeitura de Piracicaba realizará nos dias 08 e 09 de abril o Seminário Internacional Nosso Futuro com Hidrogênio – Desafios e Oportunidades do Hidrogênio Renovável e Baixo Carbono. Um evento que representará uma nova fronteira a ser desbravada na pesquisa de combustíveis renováveis comprometidos com o Meio Ambiente, tendo o hidrogênio como principal vetor de exploração.

Isso porque o hidrogênio, que pode ser obtido pela quebra de moléculas do próprio etanol, se mostra como uma das melhores alternativas de biocombustíveis não poluentes no segmento de mobilidade, até melhor que carros híbridos ou mesmo elétricos, pois apresenta baixos níveis de emissão de gases do efeito estufa e alto poder calorífico, no que se refere a quantidade de energia interna existente em cada substância.

Precisamos nestes dois dias incentivar a discussão sobre os gargalos para a produção, uso e comercialização do hidrogênio para que a gente possa, num menor tempo possível, implantar essa tecnologia que necessita ser acessível no quesito econômico e sustentável no ponto de vista ambiental, para assim  introduzi-la no cotidiano das pessoas.

Ao trazer este debate para dentro dos nossos domínios, estamos consolidando a nossa cidade como centro de referência de biocombustíveis e bioenergia. Com certeza essa discussão vai assumir grandes proporções nos centros de pesquisa e inovação que já possuímos e também nos que estão chegando, caso do Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT), vinculado ao Governo do Estado que inaugurou recentemente o seu escritório local no campus na Fundação Municipal de Ensino de Piracicaba (Fumep). Já para o segmento industrial e sua cadeia produtiva, essa novidade vai representar uma alternativa que agregará novos produtos à sua linha de produção, possibilitando assim a conquista de outras fatias do mercado internacional.

Ao formatar um evento desta natureza estamos construindo um novo ciclo de prosperidade na história de Piracicaba, que no passado foi precursora do etanol e hoje abraça o hidrogênio como fonte de energia limpa e sustentável para os próximos anos. Toda a sociedade está convidada a participar conosco desta jornada rumo ao futuro.

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