ARTIGO

Você é um coodependente?

Por Fabiane Fischer | 03/04/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Hoje vamos falar sobre coodependência, uma doença que acomete muitas pessoas que nem se quer se dão conta de que isso é uma doença. Para iniciarmos vou definir como Codependente a pessoa que tem deixado o comportamento de outra pessoa afetá-la, e é obcecada em controlar o comportamento dessa outra pessoa. A outra pessoa pode ser uma criança ou um adulto, amante, cônjuge, irmão, irmã, avô, avó, pai ou mãe, um cliente ou um amigo. Essa pessoa pode ser alcoólatra, viciada em drogas, física ou mentalmente doente, uma pessoa normal que ocasionalmente se sinta deprimida, ou qualquer das pessoas que mencionei antes.

E por engano, esta pessoa acredita que a sua paz e libertação, o seu sossego está no comportamento da outra pessoa, mas isso é um grave engano, porque a recuperação está justamente nela, na forma com que ela permite que os comportamentos alheios a afete e na forma com que ela tenta afetar a pessoa dependente. E essas formas de afetar a pessoa que é dependente pode ser a própria obsessão, o controle, o “ajudar” obsessivo, tomar conta, a baixa autoestima beirando o ódio por si próprio, a autorrepressão, a abundância de raiva e culpa e qualquer outro desvio que resulte no abandono de si mesmo, problemas de comunicação, problemas de intimidade e uma viagem cíclica através dos cinco estágios do luto. Alguns especialistas dizem que a codependência é uma doença crônica e progressiva e sugerem que os codependentes querem e precisam de pessoas doentes à sua volta para serem felizes de uma maneira não saudável.

Dizem, por exemplo, que a mulher de um alcoólatra precisava se casar com um alcoólatra e que o escolheu porque percebeu inconscientemente que ele era alcoólatra. E por mais que te choque o que vou dizer, isso é verdade: Ela precisava de que ele bebesse e a maltratasse para se sentir satisfeita. Esse último julgamento pode ser muito severo e estou convencida de que os codependentes precisam de menos crueldade em suas vidas, pois são pessoas extremamente benevolentes, preocupados e dedicados com as necessidades do mundo.

Suspeito que historicamente os codependentes têm atacado a injustiça social e lutado pelo direito dos mais fracos. Eles querem ajudar. E creio que ajudaram, mas provavelmente, morreram achando que não fizeram o bastante e sentindo-se culpados. É natural desejar proteger e ajudar as pessoas que nós amamos. É também natural sermos afetados e reagirmos aos problemas das pessoas à nossa volta. Quando um problema se torna mais sério e continua insolúvel, ficamos ainda mais afetados e reagimos mais intensamente a ele. A palavra reagir é importante aqui, porque a codependência é um processo reacionário. Eles reagem demais ou de menos, mas raramente agem. Eles reagem aos problemas, às dores, à vida e aos comportamentos dos outros. Reagem a seus próprios problemas, às suas dores e ao seu comportamento. Muitas reações de codependentes são reações à tensão e à incerteza de viver ou crescer com alcoolismo ou outros problemas. É normal reagir à tensão. Não é necessariamente anormal, mas é heroico e pode salvar vidas aprender a não reagir e a agir de formas mais saudáveis. A maioria de nós precisa de ajuda para aprender a fazer isso. Vou explicar também o porquê chamamos a coodependência de uma doença progressiva, é porque à medida que as pessoas a nossa volta se tornam mais doentes, nós começamos a reagir com mais intensidade. O que começou com um pouco de preocupação pode causar isolamento, depressão, doenças físicas ou emocionais ou ainda fantasias suicidas. Uma coisa leva à outra, e as coisas ficam piores.

A codependência pode fazer de você um doente e pode contribuir para que as pessoas à sua volta continuem a ficar doentes. É uma retroalimentação e o mais triste é que quando estamos imersos na situação não percebemos isso e continuamos a viver neste ciclo triste e vicioso. Semana que vem continuamos. Siga firme!

Com carinho, Fabiane Fischer

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