ARTIGO

O grito das mulheres em defesa da vida

Por Professora Bebel | 22/03/2024 | Tempo de leitura: 3 min

No dia 16 de março, centenas de mulheres participaram do Grito das Mulheres em Defesa da Vida, realizando uma caminhada pelas ruas do centro de Piracicaba, para denunciar o feminicídio, o machismo, a violência contra a mulher, e reivindicar mais políticas públicas, proteção e melhor atendimento às vítimas da violência de gênero.

O mais recente caso de feminicídio em Piracicaba ocorreu na madrugada de 10 de março, um domingo, quando o ex-namorado da jovem Camila Cristina Galdino atirou contra ela à queima-roupa e também matou um dos donos do bar, aonde ela se encontrava, por tentar defendê-la. É mais uma evidência da letalidade da cultura machista.

Dados da Secretaria Estadual de Segurança Pública mostram que o Estado de São Paulo tem a maior taxa de feminicídios do Brasil. Foram registrados 221 crimes em 2023, 26 apenas no mês de dezembro. Em 2022 houve 195 feminicídios e, em 2021, 140. Ou seja, o número está aumentando expressivamente. Outros casos de agressões contra mulheres também passaram de 52.980 em 2022 para 60.000 em 2023.

Recentemente nossa companheira vereadora Rai de Almeida recebeu pesadas ameaças anônimas por email. Ameaças e agressões não nos farão recuar. Não consideramos outra possibilidade que não continuarmos lutando e avançando. O custo é muitas vezes alto demais, mas não podemos recuar. Na condição de Procuradora Especial da Mulher na Assembleia Legislativa de São Paulo, recebo um número muito grande de denúncias, muitas delas relacionadas com o exercício do mandato de vereadoras em diversas Câmaras Municipais do nosso Estado. Como deputada estadual, apresentei vários projetos visando prevenção e proteção das mulheres. Um deles é o Rede Segura, que pretende estabelecer um sistema, contando com a adesão de estabelecimentos comerciais e instituições e espaços públicos, nos quais a mulher poderá realizar denúncias e buscar amparo imediato. Outro projeto visa a instalação de totens, com câmeras e tela, localizados em locais ermos e pontos de ônibus, por meio do qual a mulher que se sentir ameaçada poderá dialogar com integrantes de órgãos de segurança, que poderá ver o que se passa naquele local. Também protocolei projeto que estabelece uma pensão especial para mulheres vítimas de violência, entre tantos outros.

Neste ano, coloco-me como pré-candidata a prefeita de Piracicaba pelo Partido dos Trabalhadores. Embora segurança pública seja atribuição majoritariamente do Governo do Estado, se minha candidatura for homologada pelo meu partido, pretendo dar muita atenção ao tema, sobretudo no que se refere à segurança das mulheres. Um dos pontos pelo qual venho lutando há muito tempo é a Delegacia da Mulher com funcionamento 24 horas. E mais: com pessoal capacitado para atender com gentileza e eficiência as mulheres que procuram essa delegacia exatamente quando estão passando por situações terríveis. Merecem amparo e respeito.

Acredito que o poder público, em todas as suas esferas, tem obrigações incontestáveis em relação à segurança pública de forma geral e também com a relação à proteção e políticas para as mulheres. No caso das prefeituras ela passam, por exemplo, pela iluminação das ruas e vielas das periferias, pela retirada do mato e entulhos que possam servir de esconderijos para agressores e outros criminosos, pela multiplicação de postos de saúde capacitados a atender as mulheres em suas especificidades, pela introdução nos currículos escolares das noções básicas de cidadania e direitos das mulheres, para a formação de uma consciência coletiva anti-machista e muitas outras medidas.

Neste mês das mulheres que está se encerrando, o Grito das Mulheres em Defesa da Vida em Piracicaba mostrou que as mulheres estão ativas e dispostas à luta pela vida, por cada palmo conquistado e por mais e melhores conquistas e tem meu apoio incondicional.

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