A Irlanda entra em festa nesta semana. No dia 17 de março é celebrado o Dia de São Patrício, o padroeiro do país, o que significa muita música, dança e, claro, cerveja! A tradição de celebrar a data, porém, já ganhou o mundo, espalhando-se por pontos turísticos e pubs irlandeses nas principais cidades do globo.
Até o Cristo Redentor, no Rio de Janeiro, se ilumina de verde (a cor que representa o santo e a Irlanda) para lembrar a data.
Em Dublin, a principal atração é o desfile do Dia de São Patrício, que reúne, anualmente, 500 mil pessoas pelas ruas. A festa, porém, segue até o fim do mês.
Mas quem foi São Patrício?
Um dos personagens mais icônicos na história da Irlanda, São Patrício (St. Patrick) pode ser visto como símbolo de fé e do folclore irlandês.
Isso porque sua figura mistura a história de um missionário enviado à Irlanda para pregar sua fé, mas sua trajetória é misturada a muitas lendas, mostrando o personagem com poderes sobrenaturais.
Mas São Patrício era simplesmente um jovem ex-escravo e sacerdote que foi incumbido de levar a doutrina cristã para a Irlanda, de onde se tornou patrono.
Com muito jogo de cintura e paciência — e um pezinho na magia como contam as muitas lendas irlandesas —, ele mudou a crença do povo daquela época, os celtas.
São Patrício nasceu em uma Grã-Bretanha sob o domínio romano, no final do século 4, não se sabe exatamente que data foi, entre 373 e 390 DC. Também não é certo o local de seu nascimento. Alguns dizem Escócia, mas outros acreditam ser no País de Gales.
Seu nome também nada tinha a ver com Patrício (ou melhor, Patrick). Historiadores acreditam que ele se chamava Maewyn Succat, filho de Calpornius, um oficial do exército romano-britânico e diácono.
Aos 16 anos, Maewyn Succat foi sequestrado por piratas irlandeses e vendido como escravo na Irlanda. Ele ficou preso no norte da ilha, trabalhando como pastor de ovelhas e cuidando de porcos no Monte Slemish, dentro do condado de Antrim, na Irlanda do Norte.
Nesse período, o garoto foi se tornando cada vez mais religioso. Sua fé foi tanta que ele considerou o sequestro uma forma de mudança de vida, de encontro com Deus.
E foi orando que ele teve uma visão que o levou a encontrar um barco que partia com destino à Grã-Bretanha. Ele fugiu e conseguiu voltar para casa, junto à sua família.
A história de todo santo dá muitas voltas e não foi diferente com São Patrício. Mesmo tendo sofrido os horrores da escravidão em terras irlandesas, ele teve um sonho onde era chamado à voltar para a Ilha e falar sobre a existência de Deus para os povos que lá viviam. Mas ele não se sentia seguro para pregar a palavra de fé.
Foram anos de estudo em um mosteiro na França para que se tornasse padre e missionário. Lá, ele ficou por 12 anos antes de retornar à costa irlandesa como bispo e com a bênção do Papa. Sua missão: catequizar o povo celta.
Ao contrário do que acontecia no resto da Europa, onde a fé católica era imposta pelo Império Romano e, muitas vezes, com apelo de guerra, Patrício foi muito mais esperto. Ficou íntimo dos druidas, que eram encarregados das tarefas de aconselhamento e ensino, e de orientações jurídicas e filosóficas dentro da sociedade celta.
Aos poucos, São Patrício foi adicionando elementos da fé cristã na cultura local.
Na cultura celta, já havia o conceito da trindade, só que, para eles, a representação era de corpo, alma e mente. O santo apenas “adaptou” algo que já existia e passou a doutrinar os celtas usando os trevos (shamrocks) para explicar a Santíssima Trindade (Pai, Filho e Espírito Santo).
Pronto! Era o que o povo precisava para simpatizar com a fé cristã.
São Patrício foi preso diversas vezes, pois sua presença perturbava chefes locais ou os druidas celtas. Por vinte anos, ele viajou por toda a extensão da ilha, batizando pessoas e estabelecendo mosteiros, escolas e igrejas por onde passou.
Assim, foi São Patrício quem levou o Cristianismo à Irlanda, que, posteriormente, tornou-se um dos países mais cristãos do mundo, com reflexos dessa fé até hoje.
Se tudo isso é verdade ou não, ninguém sabe ao certo. Mas é verdade que, no domingo, vou pintar minha cerveja de verde e brindar como fazem os irlandeses, dizendo: "Sláinte!"
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