ARTIGO

Jovens na política: força na democracia

Por José Osmir Bertazzoni | 29/02/2024 | Tempo de leitura: 3 min

"A democracia regrediu em grande parte do mundo em 2023", é a síntese das 84 páginas do Índice de Democracia 2023, produzido pela revista “Economist” e publicado nesta recentemente. De acordo com a edição deste ano, apenas 7.8% da população mundial vive em 24 nações consideradas "democracias plenas", enquanto 39.4% da população mundial reside em 59 países caracterizados como "regimes autoritários".

Segundo o estudo, para que a democracia no Brasil se solidifique, é crucial a participação dos jovens nas decisões. Sem o envolvimento dos jovens, a democracia fica deficiente e não se realiza plenamente. O Brasil ocupa a 51ª posição da lista, com resultados notáveis no processo eleitoral (9.58), porém com resultados desfavoráveis quando se trata do funcionamento do governo e da cultura política (nota 5). Nossa média é 6.68. O Brasil é classificado como um país de "democracia com falhas", juntamente com os Estados Unidos (29º) e o Chile (25º), que deixou de ser uma "democracia plena" neste ano.

Conforme o relatório Índice de Democracia 2023 elaborado pela “Economist”, que oferece uma visão geral do estado da democracia no mundo, o Brasil seria classificado em 51º lugar em "Democracia Defeituosa". Embora apresentemos um bom desempenho em termos do processo eleitoral e do pluralismo (com uma pontuação de 9.58, a mesma da Suécia, que ocupa a quarta posição em democracia plena), o mesmo não pode ser dito em relação aos outros critérios, onde há margem para melhorias no funcionamento do governo e na participação política, incluindo uma maior inclusão dos jovens.

É crucial compreender que devemos concentrar-nos na terceira e quarta votação - intimamente relacionadas entre si: avançarmos para uma melhor posição neste estudo depende da participação; depende da cultura política. Neste contexto, reside a condição dos jovens.

É preocupante constatar que, em média, no mundo, menos de oito em cada cem jovens (de 18 e 19 anos) acompanham um debate político por vários dias; 41.2% da amostra da mesma faixa etária nunca buscou informações, enquanto 11.9% o fazem algumas vezes por ano; 74.4% dos jovens que não se informam o fazem por falta de interesse; 46.6% nunca discutem política. Um dado alarmante: apenas 7% da amostra é ativa religiosamente pelo menos uma vez por semana.

Concluindo este artigo, cujo objetivo é analisar o envolvimento das pessoas na política, dados recentes do “Financial Times”, de John Burn-Murdoch, revelam uma disparidade ideológica entre os gêneros, onde as mulheres tendem a ser cada vez mais progressistas e os homens cada vez mais conservadores. Essa polarização empobrece nosso debate, não apenas porque há uma grande parcela dos jovens que não se envolve na política, mas também porque essas tendências podem recompensar atitudes extremas em vez de promover o diálogo. É evidente que a falta de estímulo para desenvolver uma cultura política e expressá-la em discussões desempenha um papel nisso, não apenas devido ao desinteresse gerado pelo cenário político brasileiro, mas também devido ao clima duro e agressivo de debates, que não permite a construção de diálogos.

Por fim, é precisamente aqui que reside a questão: a participação deve ser cultivada por meio do papel das associações, sindicatos, jornais e da educação em cultura política, para que o interesse dos jovens se transforme em propostas que promovam a participação democrática. Dessa forma, ao dialogarmos sobre o futuro imediato de cada um e de sua comunidade, podemos evitar a polarização e aspirar às alturas da democracia.

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