ARTIGO

Quanto vale a sua paz?

Por Júnior Ometto | 24/02/2024 | Tempo de leitura: 4 min

Como viver bem num mundo agitado, confuso, de imprevisibilidades e sofrimentos? Como saber lidar com pessoas rudes, egoístas, maldosas? Como extrair o melhor de nós e dos nossos relacionamentos num cenário onde 86% das pessoas estão com algum transtorno mental? (Fonte: OMS)

A arma mais poderosa é a reflexão, o conhecimento. E a Filosofia nos traz a ferramenta “sob medida”: o Estoicismo. O que está no seu controle? E o que não está? O valor das virtudes em contraponto ao sofrimento. Essa é a ideia central do Estoicismo, criado há mais de 2000 anos pelos filósofos Epicteto, Sêneca e Marco Aurélio, que elaboraram um poderoso “manual” para viver bem, mesmo no caos, aliás, manual cada vez mais atual.

Quando você entende o limite entre o que realmente é seu e o que já não mais te pertence, sua vida simplesmente se transforma e não há mais culpa, remorso, frustração e tantos outros sentimentos ruins, além de distúrbios mentais.

Quem fere alguém, certamente é porque já foi ferido. Claro que ninguém tem o direito de te prejudicar, ofender ou magoar só porque tem problemas não resolvidos. Mas precisamos entender que a vida não é sobre o que acontece conosco, mas de como interpretamos e reagimos ao que acontece conosco. Quando alguém nos trata mal ou faz algo que não gostamos, primeiro precisamos entender o que fez aquela pessoa agir assim. Bem ela não está, porque quem está bem emocionalmente tem atitudes positivas com as pessoas e com a vida.

Comportamentos de frieza, superioridade ou egoísmo denotam muitas vezes um mecanismo de defesa, um jeito que o indivíduo achou para lidar com todo o sofrimento que encontrou pela sua vida, com as enganações e maus-tratos que recebeu.

Claro que inteligência emocional não significa ser “bobo”, mas sim, encarar as coisas com uma visão mais abrangente, diferenciada. Com empatia! Entender nossas emoções e as emoções dos outros, nos garante autonomia em nosso comportamento e isso traz resultados infinitamente melhores, em todos os sentidos.

Com as dificuldades do dia a dia, faça a sua parte, mas bem-feita, completa, respeitando o que está dentro de sua estrutura e potencial e não se preocupe com mais nada. Você fez o que precisava e podia ser feito. Se quiser fazer mais ou melhor, tudo bem, desde que você entenda que precisa se preparar, evoluir para atingir estágios superiores, respeitando que cada um está no seu próprio tempo. Epicteto, inclusive, dizia que devemos “desprezar” o que não depende de nós! E isso é forte e real.

Importante lembrar que o contrário também acontece! Muitos não fazem o que está sob sua responsabilidade e, por medida de “autoproteção”, terceirizam a culpa ou se vitimizam, e, dessa forma, ficam mais “tranquilos”, entretanto, desconhecem que as consequências e o arrependimento virão no tempo certo.

Note, caro leitor, que se você não expande sua mente, não se atualiza e não desliga o piloto automático, suas dificuldades no gerenciamento psíquico vão entrando num círculo vicioso doentio, trazendo prejuízos em cadeia, como uma bola de neve em expansão.

O que você pode e deve controlar é você e o que depende de você! Portanto, ofensas que você recebe ou “lixos” vindos de pessoas que te elegem para “alvo” fazem parte também desse setor chamado incontrolável (por você). Isto não te pertence! Ter a consciência e o comportamento sobre esta regra não deixa você se desesperar com acontecimentos (dos mais variados tipos) que te frustram, te trazem ansiedade, te decepcionam ou de alguma forma sabotam a felicidade. É preciso gerenciar a diferença entre o controlável e o incontrolável, navegando com o controle da viagem e do destino. É preciso saber o que está ao seu alcance e... fazer! É preciso saber o que não está mais ao seu alcance e... não fazer! Sem culpa, sem dor, sem sequelas. Tentar entrar no setor “incontrolável” nos faz sofrer e nos adoece. Note, inclusive, que a maior parte das coisas desse mundo estão fora do nosso controle! O Estoicismo traz equilíbrio e maturidade emocional, nos tornando superiores às adversidades e, por isso, nos poupando de sofrimento desnecessário e dos desajustes psíquicos que assolam o mundo de hoje.

“Você tem poder sobre sua mente, não sobre eventos externos. Perceba isso e você encontrará a sua força”. (Marco Aurélio)

Quanto vale a sua paz?

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