Como os demais setores da vida, a educação passa por uma crise, reflexo da situação planetária atual. Pais, professores e demais responsáveis pela orientação dos educandos revelam-se perplexos face aos crescentes desafios. Os modelos vigentes não mais respondem às necessidades atuais, ao mesmo tempo que não têm sido solucionadas questões concernentes ao futuro dos estudantes, sobretudo dos mais jovens.
Sob uma perspectiva espiritualista, evolutiva e sistêmica, a educação é processo de desenvolvimento da consciência, do qual a instrução é apenas parte. Como bem disse o educador Huberto Rohden: “Não devemos confundir instrução com educação. A educação é muito mais profunda do que a instrução. A instrução é da inteligência; a educação é da consciência. A instrução faz o homem erudito; a educação faz o homem bom”. Segundo essa visão, alguém pode possuir amplos conhecimentos e ainda assim ser profundamente ignorante acerca de si mesmo, dos demais e da vida, ao utilizar seu acervo intelectual para fins destrutivos, egoístas e degradantes, como tem ocorrido na história da humanidade. Conforme essa perspectiva, a verdadeira educação forma seres humanos bondosos, íntegros e pacíficos. Será essa a realidade de nosso sistema educacional?
Para saber se a educação convencional cumpre seu papel, pode-se observar se os estudantes tornam-se mais respeitosos, conscientes e cooperativos, se anseiam por um trabalho que, além de lhes garantir a subsistência, se torne um meio de servirem à sociedade; se a escola é um ambiente em que as qualidades anímicas podem se manifestar livremente, expressando a criatividade natural, o interesse pela vida, pelo semelhante, pela sociedade, pela Natureza…
Sabe-se que a principal ferramenta educativa é o exemplo, o que nos enseja refletir se, como pais, educadores e cidadãos, temos tido atitudes dignas diante de quem nos observa a conduta. Importa também considerar o papel da mídia na educação, pela imensa influência que exerce, principalmente sobre os mais jovens.
Precisamos nos conscientizar de que todos somos responsáveis pela educação (ou deseducação) de quem se encontra no âmbito de nossa influência. Em quaisquer interações humanas, influenciamos e somos influenciados, nas trocas incessantes que constituem o viver, que é sempre conviver. Não basta apenas esperar de órgãos governamentais nem de instituições diversas que façam o papel que também é de cada um de nós. Essa é uma dimensão da cidadania, pois a cada atitude atuamos sobre o comportamento alheio, positiva ou negativamente, contribuindo para a realidade social em que vivemos.
Parece-nos oportuno recordar que somente quando educamos a nós mesmos podemos ser educadores, pois ninguém pode dar o que não tem, e se desejamos uma sociedade educada, sejamos o exemplo da civilidade almejada.
Sabe-se que a educação é processo contínuo, que se aprofunda com o amadurecimento consciencial, graças ao qual o ser torna-se cada vez mais o protagonista da própria educação, que passa necessariamente pelo autoconhecimento e pela autotransformação.
As revelações espirituais da época atual afirmam que a educação, assim como os demais setores da vida planetária, sofrerá profundas transformações, a fim de que sejam corrigidas as distorções e degradações que lhe ocorreram ao longo do tempo. Por enquanto, colaborando nesse processo, podemos corrigir a nós mesmos e oferecer à sociedade o melhor ao nosso alcance – o que já constitui significativo progresso para o bem de todos.
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