Estamos todos bem cansados, não é mesmo? E não digo apenas o cansaço físico que o trabalho pode proporcionar que, claro, é muito grande dependendo da atividade feita pelo profissional.
Mas o cansaço mental e emocional também tem afetado a população de uma maneira geral.
Uma pesquisa realizada pela Conectaí, empresa do IBOPE Inteligência, afirma que 98% dos brasileiros se sentem um pouco ou muito cansados mental e fisicamente.
De acordo com os dados, praticamente todos jovens entre 20 e 29 anos (99%) dizem estar cansados.
E nem preciso dizer os motivos de tanta canseira: o trabalho que nos consome diariamente, o trânsito para ir e voltar do trabalho, cuidados com filhos, família e o estresse diário relacionado a dinheiro, relacionamentos e, claro, o estresse profissional.
A maioria (63%) das pessoas acorda com algum nível de indisposição. Para 36% a fadiga ocorre à tarde, enquanto que 34% afirma ficar muito cansado à noite.
Independente do cansaço, fechar os olhos e colocar a cabeça no travesseiro não é sinal de dormir instantaneamente. A insônia também é um grande problema. De acordo com estudos da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz), 72% dos brasileiros sofrem de doenças relacionadas ao sono, entre elas, a insônia.
E se estamos ligados o dia todo, pensando e trabalhando e correndo para lá e para cá, nos momentos de descanso não nos damos conta de que deixamos o cérebro trabalhando ainda mais.
Isso porque nossos intervalos de trabalho, ou nossos momentos de descanso e lazer, são com a cara colada nas telas dos smartphones.
O Brasil é o segundo país com maior tempo de tela do mundo: passamos 9h32 em média olhando para TVs, computadores e celulares. Ou seja, não há descanso.
Queira ou não, muitos dos nossos vícios online são uma forma de estressar o cérebro. Você concorda que, mesmo se for em um momento de relaxamento, rodar a timeline das redes sociais ou criar posts com suas últimas fotos é uma forma de “trabalho”?
A impressão que tenho é que acabamos tendo um “trabalho extra” ao nos relacionarmos virtualmente.
Se antigamente escrever em uma tela e ler era algo que fazíamos durante o momento que estávamos no escritório e, nos momentos de lazer, não tínhamos tantas telas por perto, hoje passamos mais tempo criando textos, edições de fotos e vídeo – que seja uma fofoca com o amigo no Whatsapp ou uma paquera no Tinder até posts nas redes sociais sobre a viagem mais recente.
Será que o cérebro de fato entende que aquele é um momento de lazer ou está no mesmo nível de estresse de quando trabalhamos?
Isso é bem diferente do que sentar para ver um filme, apesar de também ser exibido em uma tela. Pois não estamos de fato fazendo nenhuma ação neste momento além de acompanhar uma história que está sendo contada. Quer dizer, na teoria.
Já reparou que estamos cada vez mais checando o telefone mesmo durante uma sessão de filme com os amigos ou família? Já vi gente fazendo isso até mesmo dentro do cinema.
Além do “trabalho” que dá usar as redes sociais nos momentos de lazer, muitos profissionais de fato precisam trabalhar nas horas extras com o celular em mãos. Isso porque, com as redes sociais sendo cada vez mais o foco dos nossos olhos, é apenas lá que eles irão aparecer.
Veja só, são dentistas, advogados, esteticistas, cabeleireiros, entre outros profissionais, precisando se tornar criadores de conteúdo para serem vistos. E tal conteúdo é geralmente criado nas horas vagas.
Dá para perceber porque estamos tão cansados. E para descansar é preciso se desconectar.
Mas o velho hábito de “descansar os olhos no pasto” tem sido cada vez mais raro ultimamente, afinal, se o pasto for bonito, logo sacamos nossos celulares para fazer uma foto e postar nas redes sociais, não é mesmo?
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