ARTIGO

Sentido e propósito religioso

Por André Salum | 06/01/2024 | Tempo de leitura: 3 min

Na busca de sentido existencial, a dimensão religiosa, ou espiritual, torna-se relevante na vida de qualquer pessoa. Essa dimensão, referida com diferentes nomes e experimentada de variadas formas, reveste a experiência humana de sentido e propósito, sem o que a vida se torna uma sucessão de eventos aleatórios que culminam com a morte.

Todos os seres que encontraram esse sentido profundo da existência, o qual lhes enriqueceu e valorizou cada uma das experiências, seja de satisfação ou de sofrimento, de alegria ou de dor, de aprendizado ou de purificação, têm se referido à descoberta, ao reconhecimento e à valorização da dimensão espiritual, transcendente, como determinante na sua trajetória de superação e autorrealização.

A palavra religião, que significa religar, tem correlação com a palavra yoga, cujo sentido, dentre vários, é (re)unir, integrar. Ambas remetem à religação, ou reunião, da alma individual com a Consciência Universal, da criatura com o Criador. Os caminhos espirituais e religiosos afirmam que estamos, aparente e temporariamente, desligados de nossa essência. Nosso desligamento é sentido apenas em nossa relativa inconsciência, isto é, esquecemo-nos, por motivos diversos, de que somos seres espirituais em breve passagem pela matéria, pois, na realidade, jamais podemos nos desligar da Fonte que permeia todo o Universo e se encontra em todos os seres e coisas.

A separação é, portanto, subjetiva, jamais objetiva, por isso podemos, quando o decidirmos, relembrar que sempre estivemos, estamos e estaremos ligados à vida universal, da qual somos parte. Essa possibilidade de (re)conexão espiritual é a essência das religiões. As propostas espirituais enfatizam a necessidade de nos lembrarmos de nossa natureza, origem e destino divinos, lembrança essa que nos abre à percepção daquilo que somos, independentemente das condições externas em que nos encontremos. Segundo diversas instruções, o mais importante em qualquer caminho espiritual é transformar as concepções religiosas na percepção da realidade espiritual, expressa em atitudes amorosas e ações benéficas a todos os seres. Existem, em todos os povos, culturas e religiões, exemplos de seres que despertaram a consciência espiritual e a partir de então enriqueceram a própria vida, irradiando novas energias e qualidades, beneficiando os demais seres com os quais mantiveram contato e convívio.

Tais indivíduos, verdadeiramente espiritualizados, ainda quando desvinculados de religiões formais, têm nos deixado um legado de amor e sabedoria, ao respeitarem todas as expressões de fé e de manifestação religiosa, aceitando a diversidade humana quanto a níveis evolutivos, temperamentos, anseios e aspirações; ao não se ocuparem de nenhuma forma de proselitismo religioso, reconhecendo que cada um tem experiência única, tanto quanto um processo de despertar espiritual singular; ao jamais usarem supostos poderes espirituais para oprimir, iludir ou manipular, utilizando, ao contrário, os recursos temporariamente ao seu dispor unicamente para servir e educar; ao ensinarem principalmente através de seu exemplo de caráter e de conduta; e sobretudo ao se colocarem, segundo recomenda o Evangelho, como servidores de todos. Eis alguns atributos que, se reconhecidos e vivenciados, transformariam o mundo e a sociedade em que vivemos. No entanto, até que isso aconteça, podemos, desde agora, oferecer o melhor ao nosso alcance, seguindo o caminho espiritual que nos pareça o melhor.

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