Dante Alighieri (1265 — 1321), na “Divina Comédia”, descreve a Inveja através de um ser com olhos costurados em arame. Já Sócrates (469 a.C. - 399 a.C), a chamou de “a úlcera da alma”. Com essas “referências”, dadas por duas das pessoas mais brilhantes que já passaram por aqui, a gente percebe o quanto a inveja é nociva...
Mas, antes de entender o paradoxo oferecido pelo título o artigo de hoje e ir para os antídotos, vamos entender o que realmente é a tal da inveja?
Basicamente, a inveja é a dificuldade que a pessoa tem em aceitar e lidar com o sucesso alheio. Veja, não é exatamente o que a pessoa é ou tem que incomoda tanto. O invejoso não aceita que ela tenha ou seja! O objeto do problema, portanto, é a pessoa! Diferente da cobiça que, sem desequilíbrio, é considerada positiva, pois o foco é ter ou ser aquilo que o outro é ou tem, sendo a pessoa em questão um impulsionador, uma inspiração para que aquilo seja alcançado, e não um problema.
Vale entender que a inveja prejudica quem a tem. Trata-se de um conflito interno nocivo - emocional e fisicamente, ou seja, algo não está bem na mente do invejoso. O Filósofo grego Aristóteles defendia que as pessoas sentem inveja, geralmente, de quem é igual ou parecido consigo, e que, por alguma circunstância, adquire vantagens que o invejoso acreditava que só pertenciam a ele.
O que a ciência diz sobre a inveja? Através de ressonância magnética, pesquisadores japoneses descobriram que a inveja é processada no cérebro no mesmo lugar da dor física. Portanto e, literalmente, a inveja dói! Nesta pesquisa, os analisados imaginavam resultados negativos na vida dos comparados (que em algumas áreas eram melhores que eles), através de informações propostas e, na ressonância, observou-se que a área ativada no cérebro foi a do bem-estar e satisfação...
A psicanálise entende a inveja como a alegria com a desgraça alheia ou o gosto pelo desgosto.
A inveja é também chamada de “vício justo” porque carrega nela mesma sua punição: todo invejoso é punido com tristeza e dor no mesmo momento em que sente a inveja.
E os antídotos para nos livrarmos da inveja? Proponho os principais, lembrando que cada caso é um caso e o ideal é o tratamento via terapia. Precisamos entender que, na dinâmica desta vida aqui na Terra, sempre haverá alguém melhor ou pior que nós, em qualquer tipo de assunto e que, sentir inveja, apenas nos prejudica. Dar foco ao “sofrimento” por alguém ser melhor que você ou ter algo que você não tem, não vai mudar essa dinâmica por aqui... O entendimento disso e sua aceitação são excelentes remédios, juntamente com a troca desse foco pelo empenho em conseguir aquilo que se quer. A energia será muito melhor utilizada, somada aos benefícios da qualidade emocional. Outro excelente antídoto é praticar a virtude da humildade, considerada o primeiro degrau da sabedoria. Ela nos faz reconhecer e aceitar nosso lugar no mundo, eliminando o gosto da frustração de que outra pessoa seja superior a nós, em alguma coisa. A humildade nos livra de muito sofrimento. E, por fim, duas armas poderosas que, além de combaterem a inveja, nos traz muito mais energia e qualidade de vida: agradecer pelos talentos que temos, valorizá-los, entender que nem todos têm os mesmos talentos e, claro, ter um plano de vida baseado no sentido e propósito, que são totalmente individuais. Utilizando esses métodos, além de tantos outros benefícios que serão recebidos, é praticamente impossível a pessoa cair na cilada da inveja.
Porém, antes de qualquer providência, é imprescindível que você se analise e entenda se tem inveja e qual é o grau, pois, em muitos casos, a pessoa nem está percebendo o quanto ela está atrapalhando sua qualidade de vida e seu desenvolvimento pessoal e profissional. Como disse Leandro Karnal, “A maioria das pessoas se considera invejável, mas jamais invejosa”.
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