ARTIGO

A esperança que se renova no Natal

Por Érica Gorga | 26/12/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Mesmo que muitos brasileiros estejam desesperançosos com relação ao futuro da nação e que muitos estejam desiludidos com as perspectivas de suas vidas, Natal é o tempo de recuperar a esperança.

No Dicionário Aurélio, a palavra “esperança” é definida como: “1. Ato de esperar o que se deseja. 2. Expectativa, espera. 3. Fé, confiança em conseguir o que se deseja. 4. Aquilo que se espera ou deseja.” Mas, o dicionário não esclarece em que medida a esperança está ou não ligada à realidade ou à probabilidade de sua realização.

O livro “Hereges”, de autoria do grande escritor inglês G. K. Chesterton, contém uma das definições mais belas sobre a esperança. Antes de falarmos da esperança, convém brevemente apresentar Chesterton, que nasceu em 1874, faleceu em 1936 e foi reconhecido como um grande autor inglês. Escreveu cerca de 80 livros, centenas de poemas, em torno de 200 contos, 4.000 ensaios e várias peças teatrais. Popularizou-se pela coleção de livros sobre o personagem Padre Brown, que posteriormente deu origem à série televisiva, retratando o sagaz vigário que desvendava crimes aparentemente insolúveis e, então, orientava os criminosos ao arrependimento e ao abandono da vida criminosa.

Para Chesterton, a “esperança significa confiar quando não há mais o que esperar”, argumentando que “não é virtude alguma” confiar no futuro apenas quando este parece promissor. Em “Hereges”, Chesterton escreve que a “esperança é o poder de estar bem-disposto em circunstâncias que sabemos desesperadoras. É verdade que há um estado esperançoso que pertence às perspectivas brilhantes e às manhãs ensolaradas. Mas isso não é a virtude da esperança. A virtude da esperança existe apenas nos terremotos e nos eclipses”.

É assim que o texto de Chesterton aparece como um grande bálsamo para a nossa realidade. A esperança é a virtude que deve ser exercida quando os líderes se corromperam, quando a imoralidade deturpa as leis, quando a justiça se perdeu e quando a escuridão parece dominar a luz.

Segundo o inglês, “para efeitos práticos”, é precisamente “nos momentos de desesperança que necessitamos de um homem esperançoso, caso contrário, ou não existe virtude ou ela passa a existir nesses momentos. É exatamente no instante que a esperança deixa de ser razoável que ela começa a ser útil”. Em suma, a esperança não deve se apresentar em face da sua plausibilidade, mas deve ser nutrida exatamente quando for mais difícil conseguir aquilo que se deseja.

A esperança, como explica Chesterton, vai além daquilo que, enquanto seres humanos, concebemos como sendo racional. Para o autor, “a esperança nega a racionalidade, a esperança útil é a que nega a aritmética”. Ao referir a negação da aritmética, Chesterton quer nos mostrar que a esperança não tem raiz naquilo que se denomina pensamento lógico. Numa conta de aritmética, sabemos que 2+2=4. Mas a esperança não pode ser medida em termos matemáticos.

A verdadeira esperança é, justamente, aquela que suplanta a racionalidade e se baseia na fé. Devemos ter esperança no que é bom, mesmo que o mal se esparrame. Ter fé na cura, mesmo que a doença se manifeste. Acreditar num mundo melhor, mesmo que tudo pareça piorar. Esperar um futuro promissor para nosso país e nossas vidas, mesmo que a realidade se mostre decadente. Lê-se em Hebreus 11:1 que “a fé é o fundamento da esperança, é uma certeza a respeito do que não se vê.”

Natal é tempo de renovar nossa esperança. Feliz Natal a todos!

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