
Radicado em Piracicaba há 26 anos, o coordenador terapêutico Caramuru Paulista, de 64 anos, viveu como um “escravo” das drogas durante boa parte de sua vida. Membro de uma família desestruturada, que o abandonou ainda criança, ele começou seu longo sofrimento ainda em São Paulo, sua cidade-natal, compartilhando cigarro e álcool entre amigos, até chegar às drogas mais perigosas. Viciado, morou na rua e foi preso inúmeras vezes por furtos e roubos na tentativa de sustentar o vício.
A situação seguiu a mesma após a mudança para a Noiva da Colina, com dependência cada vez maior das substâncias proibidas. Até que, sem saída, conseguiu dar um basta. Mas não foi fácil; ele se livrou das drogas por meio de uma experiência espiritual. “Foi a decisão de sair do ‘fundo do poço’. Desespero, rejeição, angústias e enfermidade... Foram esses os sintomas que me levaram à fé em Cristo e receber a Graça de Deus”, testemunha.
Após esse período tão doloroso, o pastor Paulista, como é conhecido, passou a ajudar outras pessoas que sofrem nesse terrível mundo da dependência química. Ele comanda o “Desafio Jovem de Piracicaba”, que foi a primeira casa de recuperação de drogados da cidade e está localizada no Bairro Nova Suíça.
INÍCIO
O envolvimento com o mundo das drogas começou ainda na adolescência e de forma gradual, com as chamadas “drogas lícitas” em ambientes recreativos, antes de chegar às substâncias proibidas. “Cigarro com amigos; o álcool era partilhado nas festas familiares e a droga foi a curiosidade de saber como ficaria”, conta.
“No decorrer dessa história de drogas lícitas, passei então a consumir drogas ilícitas: maconha, anfetaminas (injetável), cola de sapateiro, artane, LSD, comprimidos para emagrecer, chá de cogumelo, lírio, cocaína e por último crack. Trajetória de mais de 20 anos”, enumera.
Com o vício, vieram os problemas com a polícia e com a justiça. O pastor Paulista perdeu a conta do número de vezes que fora detido. “Estive preso várias vezes por consumo e comércio de drogas, também furto e roubo”, lembra.
Com a vida em perigo, teve de tomar uma atitude: ou mudava ou provavelmente não teria um longo futuro pela frente. Seguiu a primeira opção e largou os vícios. “Trabalho, disciplina, oração e meditação. Foram bases da obediência ao Evangelho de Cristo”, conta.
Segundo ele, a dependência química é uma doença grave, contínua e que pode levar à morte. “Destrói a base da sociedade. A família torna-se codependente”, conta o pastor Paulista, que hoje tenta passar sua experiência àqueles que passam pelo mesmo problema.
“Existe solução para quem acredita na cura; existem vários meios, mas é imprescindível a espiritualidade. Somente ela pode harmonizar, alinhar e estabilizar a saúde mental”, ensina Paulista.
TRABALHO
Atualmente, o pastor Paulista é o responsável pelo “Desafio Jovem de Piracicaba”, que foi a primeira entidade a trabalhar na recuperação de drogados da cidade – tem 44 anos de existência e está localizada no bairro Nova Suíça. No momento, há quatro internos que estão sendo assistidos no local.
A maior dificuldade do trabalho, segundo ele, é a parte financeira. “Precisamos muito de ajuda”, pede o pastor Paulista, que conta 27 anos dedicados à cura e libertação de dependentes químicos. “Me tornei (sic) uma referência para muitos que, como eu, também foram curados e restaurados a sociedade”, reconhece.
SERVIÇO
O Desafio Jovem fica na Estrada José Saul Chinelato, 471 - Nova Suíça, Piracicaba. Fone: (19) 9.9629-2934. Facebook: Desafio Jovem Nascer de Novo.