ARTIGO

Onda de Calor

Por Ana Carolina Carvalho Pascoalete |
| Tempo de leitura: 3 min

As altas temperaturas revelam um incômodo da população e questionamentos de quando esse calor irá cessar. Nosso corpo entende o calor, sente, e então transpiramos, nos movemos mais lentamente, procuramos sombra e água fresca para hidratação constante. Como esperado, a sensação de desconforto não se restringe apenas ao corpo físico, mas o calor afeta diretamente nosso humor e muitas de nossas atividades rotineiras diárias.

Quando há exposição a altas temperaturas provoca-se um aumento da pressão arterial e da freqüência cardíaca, esses sinais são associados pelo nosso corpo a ansiedade, e então estimula o desencadear de reações como respostas a esse estimulo, assim ativando o sistema nervoso simpático e a secreção de cortisol, hormônio do estresse, promovendo conseqüências prejudiciais aos seres humanos.

Ainda as características das ondas de calor tornam as temperaturas mínimas muito altas e isso não favorece o descanso dos indivíduos, impedindo que em noites quentes o corpo esfrie e relaxe e conseqüentemente no dia seguinte os indivíduos tende a ficarem mais irritados e nervosos, ainda vale evidenciar que estudos científicos apontam que altas temperaturas contribuem para que os indivíduos fiquem mais incompetentes, anti-sociais e violentos, afetando a vida social, deixando as pessoas mais fadigadas, reduzindo o afeto para se propor a ajuda individual com os demais. Indivíduos com condições preexistentes, sejam emocionais ou psicológicas, estão na linha de frente quanto ao desafio que o calor desencadeia, pois já lutam diariamente com sentimentos desorganizadores, se deparando com acréscimos quando expostos a ondas de calor intenso, pois os níveis de serotonina, potencializado, torna a gestão das emoções ainda mais intrincada, e o que muitas vezes começa com um leve desconforto, pode rapidamente evoluir para situações mais criticas, complicando o quadro de saúde mental.

Em ambientes que exigem o desempenho de aprendizagem, as altas temperaturas inibem o aprendizado. Pesquisadores da universidade da Califórnia fizeram uma analise cruzando climatologia com economia, ciência política e psicologia, com o objetivo de obter uma visão mais global do impacto do clima na violência e nos conflitos sociais, e as descobertas evidenciaram que padrões semelhantes de conflitos em todo o planeta estavam vinculados as mudanças no clima, como aumento da seca ou temperaturas anuais aumentadas. Destacou-se picos de violência doméstica, aumento de assaltos, assassinatos, violência ética e conflitos civis em diferentes partes do mundo, ainda a pesquisa sugere que o aumento de apenas 1?C foi o suficiente para estimular o aumento da violência física e verbal em até 4%. Em situações mais graves, o calor pode desencadear confusão e desorientação, situações nas quais a capacidade de julgamento e percepção da realidade pode ser significativamente comprometida, e reconhecer esses sinais precocemente é crucial para medidas de prevenção e que assegure o bem estar.

 Desde o inicio da história da vida do ser humano no planeta temos indícios que o clima influencia a vida econômica e social, mas não há dúvidas que temos muito ainda para investigar sobre os efeitos extremos climáticos na saúde física e psicológica dos indivíduos, considerando ainda outros fatores que afetam aliados a meteorologia, como a vulnerabilidade dos setores sociais que têm menos recursos para enfrentar aos extremos. Com esse conhecimento é possível preparar-se melhor para o futuro, concedendo benefícios aos seres humanos, pois temos indicativos de que a cada ano teremos temperaturas mais quentes.

Nesses momentos é aconchegante lembrar-se de temperaturas mais baixas, sentindo inclusive saudades do friozinho.

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