ARTIGO

“Somos los dueños de nuestro destino”

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

O candidato do partido político argentino "La Libertad Avanza", fundado há dois anos, conquistou mais de 55% dos votos no segundo turno e assumirá o cargo em 10 de dezembro. Embora as pesquisas prévias indicassem a possibilidade da vitória da direita ultraliberal, é fundamental compreender que a política não é uma questão puramente matemática. O apoio do partido "Juntos por el Cambio", coligação liderada pelo ex-presidente Macrì, foi crucial para a vitória de Milei no segundo turno.

Em 22 de outubro, Patricia Bullrich, candidata do Juntos "Por el Cambio", obteve 23,83% das preferências, enquanto Javier Milei alcançou 29,98%. Apesar dos receios de uma possível onda autoritária, Macrì se posicionou ao lado de Milei contra o peronismo/kirchnerismo, direcionando o voto “pró Bullrich” para o candidato considerado extremista.

A importância do papel decisivo do ex-presidente argentino (e do Boca Juniors), Maurizio Macrì, na eleição do autodenominado "presidente libertário e ultraliberal" não pode ser ignorada. Milei reconheceu essa importância durante seu discurso da vitória, que, apesar de ser menos desarticulado e violento do que o habitual, foi encerrado com sua marca registrada: "viva la libertad carajo".

O novo presidente argentino não detalhou seu programa de governo, evitando temas-chave de sua proposta econômica, que envolve a privatização de empresas, escolas e saúde, bem como a substituição do Banco Central pela "dolarização" da economia. Ele não abordou suas posições sociais, incluindo a oposição às conquistas recentes dos movimentos feministas.

A contribuição de Maurizio Macrì para a vitória de Milei é inegável, mas a coexistência entre os dois e a possibilidade de um amplo acordo político no parlamento permanecem incertas. A vitória do "turboliberalista" pode ter repercussões imediatas na economia, com uma nova cotação do câmbio peso-dólar no final de novembro. Os opositores temem uma rápida desvalorização da moeda local.

A situação econômica da Argentina persiste, com uma inflação anual de 142%, taxa de pobreza acima de 40%, uma dívida pública de 419 bilhões de dólares e acordos desfavoráveis com o Fundo Monetário Internacional. A campanha eleitoral destacou a busca pela direita, mas a derrota inesperada para Massa e o peronismo é evidente, com o "União Por La Patria" vencendo apenas em duas províncias.

Myriam Bregman, candidata presidencial pela “Frente de Izquierda”, comentou o resultado no Twitter, criticando a demagogia vitoriosa que se opôs a um governo onde os ricos enriqueceram à custa dos trabalhadores. Ela ressaltou que Milei governa sem o apoio de governadores locais ou uma maioria parlamentar, composta por setores sociais que se opõem às suas propostas.

O caminho à frente não será fácil para Javier Milei e para o povo argentinos. Porém, seguindo o dispõe a frase em espanhol: “Puedo aceptar el fallo. Todo el mundo falla en algo. Lo que no puedo aceptar es no intentarlo”.

Todos sabem que os discursos demagógicos e agressivos atraem votos de desorientados, indefinidos, doentes sociais e desalentados e, embora tenham elegido um militar decadente aqui no Brasil com os mesmos instrumentos; pode tanto lá como ocorreu cá, resultar em desastres políticos e econômicos.

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