ARBORIZAÇÃO

Urbanização deixa raízes frágeis e árvores mais susceptíveis à queda, diz engenheiro

Por André Thieful |
| Tempo de leitura: 2 min
Claudinho Coradini/JP
Temporais derrubaram cerca de 250 árvores em Piracicaba
Temporais derrubaram cerca de 250 árvores em Piracicaba

Piracicaba enfrentou desde setembro pelo menos quatro episódios de tempestades que provocaram diversos estragos em toda a cidade. Um dos principais e mais frequentes é a queda de árvores. Pelo menos 250 delas caíram e provocaram danos em postes e na fiação com consequente falta de energia elétrica, estragos em veículos, interdição de ruas e outros. De acordo com o engenheiro florestal, Flávio Mendes, as estações primavera e verão são as que concentram esse tipo de problema. “Cerca de 80% ocorre nessa época, de mais chuvas e altas temperaturas, o que provocam as tempestades. Então, sim, (as árvores) acabam caindo e a questão é fazer a gestão adequada para que a gente minimize cada vez mais essa quantidade”, disse.

Mendes é mestre pela Esalq/USP (Escola Superior de Agricultura Luiz de Queiroz) e tratou do assunto em sua dissertação de mestrado intitulada ‘Vulnerabilidade à queda de árvores por meio de simulações microclimáticas’. A pesquisa para a dissertação foi baseada em dados de Piracicaba fornecidos pelo Corpo de Bombeiros, Sedema (Secretaria Municipal de Desenvolvimento e Meio Ambiente) e Estação Meteorológica da Esalq. “O principal resultado foi a relação direta entre quedas e zonas urbanizadas que, em constantes alterações no uso do solo, acabam por danificar a sustentação (raízes) das árvores, fato justificado pela alta concentração de quedas na parte central (da cidade)”, aponta.

De acordo com o engenheiro florestal, Flávio Mendes, as árvores de porte grande tem, por consequência raízes mais extensas, fundamentais para mantê-las em pé. “As árvores precisam ter uma raiz boa, mais desenvolvida, principalmente quando tem chuva mais intensa e ventos fortes, então precisamos ter cuidado com elas, assim como qualquer outro mobiliário urbano, principalmente nessa época”, afirma.

A tese aponta que “isso se deve em função de condições estressantes para as plantas, como solo compactado, canteiros estreitos e danificações no sistema radicular, capaz de comprometer a sustentação”.

De acordo com o estudo, as espécies munguba, ipê roxo e tipuana são as mais vulneráveis à queda.

Mendes explica que para reduzir a queda de árvores na área urbana do município é preciso saber quais espécies existem no município e onde estão localizadas. “Gestão, (precisa) fazer um inventário das árvores na cidade e saber as condições de cada indivíduo e fazer a correta manutenção deles”, disse. Ele explica que rajadas de vento acima de 60 km/h a 70 km/h são preocupantes. “Mas pesquisas internacionais consideram que ventos acima de 20 km/h a 30 km/h já podem começar a provocar quedas, mas não tem um padrão, mas quanto maior for a velocidade do vento maior será a vulnerabilidade das árvores”, afirma.

Comentários

Comentários