ARTIGO

Questionamentos oportunos e coerência de atitudes

Por André Salum | 17/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A atual situação planetária, repleta de crises e sofrimentos, nos convida à reflexão acerca de várias questões, dentre elas o sentido da vida, o rumo que estamos imprimindo à própria existência e nossa função na sociedade.

Nesse processo, podemos nos questionar sobre a qualidade das energias que irradiamos e o tipo de influência que exercemos no meio em que vivemos; se, pela nossa presença, palavras e ações, temos colaborado na implementação de paz, equilíbrio e cura na sociedade da qual fazemos parte; se nosso papel tem sido harmonizador, construtivo, educativo e benéfico aos demais seres; se temos feito jus aos rótulos religiosos que ostentamos, às pregações que realizamos e às teorias que defendemos; se nosso comportamento tem sido melhor do que o daqueles que costumamos criticar; se realmente temos sido compassivos, benevolentes e caridosos, para que nossa rotulagem religiosa não se configure atestado de hipocrisia.

Se temos dificuldade de manter o equilíbrio emocional e de resolver sem nenhum tipo de violência as mais simples questões do cotidiano, como temos a pretensão de que a paz milagrosamente se estabeleça no mundo? Se frequentemente vivemos em conflito interior, se geramos crises nos ambientes em que trabalhamos, se manifestamos agressividade em nossa conduta, como nos espantar com as explosões de violência que ameaçam a sociedade contemporânea? Se nutrimos desejos egoístas e buscamos satisfazer nossos caprichos e ambições, de que forma pretendemos participar de uma sociedade saudável? Se falhamos, por ação ou omissão, em expressar integridade em nossas atitudes, com que legitimidade podemos exigir honestidade das autoridades que nos representam? Se apoiamos, direta ou indiretamente, a indústria bélica e a disseminação de armas, como nos surpreendemos com os crimes violentos que se multiplicam e com a eclosão das guerras? Se ansiosamente compartilhamos notícias perturbadoras e comentamos com prazer assuntos degradantes, por que nos espantam os desequilíbrios emocionais e mentais que nos acometem, tanto quanto aqueles que conosco convivem? Se, diante do sofrimento alheio, tantas vezes permanecemos em cruel indiferença, com que direito esperamos receber a misericórdia celeste?

É sabido por qualquer espiritualista esclarecido que a vida é regida por leis precisas e perfeitas, naturais e universais, as quais regulam todos os fenômenos e seres. Cremos haver chegado para nós, como humanidade, o momento de compreendermos mais claramente algumas dessas leis, a fim de mudarmos nossas atitudes e condutas. Uma delas é a lei de causa e efeito, ou lei do carma, conhecida no Oriente há milênios, segundo a qual cada um, pelo seu pensar e agir, constrói o próprio destino. Nesse sentido, o determinante não é a crença nem a religião de ninguém, mas sim o estado de consciência de cada um, refletido em suas ações, pois, como afirma o texto evangélico, “a cada um será dado segundo as suas obras”.

Talvez um passo importante na direção de um mundo novo e melhor para todos seja o reconhecimento do quanto estamos longe de uma vivência genuinamente fraterna e amorosa. Enxergar essa realidade nos parece fundamental para as transformações necessárias a um novo modo de pensar, sentir e agir, diverso do que temos apresentado até hoje, pois somente a partir de nosso interior renovado e iluminado é que estaremos verdadeiramente a serviço do Bem.

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