ARTIGO

Por que sentimos ciúme? (2/2)

Por Luiz Xavier |
| Tempo de leitura: 3 min

- Para cumprir uma obrigação pessoal: um homem abandonou a antiga família para assumir o atual relacionamento. A segunda esposa, muito enciumada„ quis abandoná-lo também. Na constelação familiar, percebeu claramente que se sentia obrigada para com a primeira família do marido, solidária com ela, isto é, neste caso, o ciúme não surge devido aos atos do marido, mas sim, do secreto reconhecimento de sua dívida para com a antiga parceira.

Neste sentido, a cura consiste inicialmente em tomar consciência do papel que estamos exercendo no conflito familiar e em seguida parar de atuar como coadjuvante deste mesmo drama, isto é, ao compreendermos como nossa história pessoal está contaminada pela repetição de um conflito geracional não resolvido, decidimos não repeti-lo, redefinindo nossas posições. Assim como escreve Hellinger em seu livro: “Quando ‘descobrimos’ uma ordem, a ordem correta – digo-o para provocar, então ela, de algum modo cura ou resolve o sistema. Às vezes, uma ordem está oculta. Uma árvore, por exemplo, cresce de acordo com uma ordem e não pode desviar-se dela. Se o fizesse, não mais seria uma árvore. Os homens e os sistemas de relacionamentos humanos também se desenvolvem segundo determinadas ordens. As verdadeiras ordens da vida e dos relacionamentos estão ocultas, inseridas nos fenômenos vitais. Nem sempre podemos encontrá-las imediatamente, mas pior seria inventá-las para se coadunarem com nossos desejos”. A consciência de nosso papel no sistema familiar é a meta desta técnica terapêutica conhecida como Constelação Familiar.

No entanto, aqui vai uma dica para quem sente que o ciúme vem atrapalhando a sua vida: comece por perceber quando e como o ciúme surge. Observe, como quem levanta dados para uma pesquisa científica, como você reage diante do ciúme: ao fazer isso, verá que gradualmente deixará de ter reações exageradas, pois ao observar a si mesmo estará aprendendo a preservar um olhar sadio, capaz de discernir entre imaginação e realidade.

A melhor maneira de diminuir a intensidade do ciúme é deixar de interpretá-lo como um drama e passar a expressá-lo de modo natural, isto é, como mais uma experiência de sofrimento emocional. Ser honesto consigo mesmo e abrir-se com o outro de modo simples e sincero costuma ser uma solução positiva, porque a sinceridade é em si um antídoto do desejo de manipular e controlar o outro.

Ao conversarmos com a nossa parceria sobre a experiência de ciúme deixaremos de usar nosso sentimento corno uma arma de defesa ou de ataque para manter nossa parceria sob controle.

Se usarmos o ciúme como um meio de controlar nossos parceiros, iremos afastá-lo cada vez mais de nós. Mas é importante não negarmos nossos sentimentos, pois ao ocultá-los seremos nós quem naturalmente irá se isolar, causando um mal ainda maior, pois quanto mais nos afastarmos, mais o nosso ciúme tendencialmente irá crescer. O melhor é buscar ajuda para melhorar nossa autoestima e lidar diretamente com a realidade!

A desvalorização de si mesmo é uma das causas mais importantes do ciúme intenso. Pessoas seguras de seu valor costumam não se deixar levar por seus sentimentos de ciúmes, aliás, como elas não temem seus conflitos emocionais usam-nos em proveito próprio como lenha que aquece o seu fogo do autoconhecirnento.

Resumindo, se expressarmos nossas experiências emocionais com a intenção de aprofundar nossos relacionamentos, iremos cultivar a abertura e a honestidade, atitudes que exigem constante amor e dedicação!”

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