Uma verdadeira revolução está acontecendo na educação brasileira. Sem que muitos se deem conta, as escolas e universidades estão sendo tomadas por ideologias sectaristas de extrema esquerda, com a utilização de jargões típicos da cartilha de autores propagadores dos ideais políticos da esquerda, como os da Escola de Frankfurt, que conceberam os movimentos das minorias em continuação à luta de classes proposta pelo manifesto comunista de Karl Marx e Friedrich Engels. Assim, a educação nacional passa a ser concebida não só pelo prisma da luta de classes (proletariado contra burguesia, “sem terra” contra “com terra”), mas pela luta de raças, gêneros e orientações sexuais.
Em 11 setembro de 2023, por meio do Decreto nº 11.697, foi convocada a Conferência Nacional de Educação (Conae), edição 2024, com o tema Plano Nacional de Educação (PNE), decênio 2024-2034. Os objetivos específicos da Conae são avaliar o PNE vigente, subsidiar a elaboração do PNE para o decênio de 2024 a 2034, contribuir com a identificação dos problemas e das necessidades educacionais, e produzir referências para orientar a formulação e a implementação dos planos de educação estaduais, distrital e municipais do próximo decênio. Desse modo, a Conae visa estabelecer as diretrizes, as metas e as estratégias para a educação de todas as crianças e jovens brasileiros na próxima década.
A realização da Conae está prevista para 28 a 30 de janeiro de 2024 em Brasília. No último dia 18 de outubro, a Presidência da República e o Ministério da Educação (MEC) publicaram o “Documento Referência” que contém 179 páginas e objetiva orientar as discussões das conferências estaduais e municipais de educação, que deverão ser realizadas entre outubro e dezembro de 2023 e que antecederão a conferência nacional. O documento está publicamente disponível no site https://www.gov.br/mec/pt-br/assuntos/noticias/2023/outubro/publicado-documento-referencia-da-conae-2024.Parte superior do formulário
Em primeiro lugar, chama a atenção o grau de ideologização e partidarismo que permeiam a publicação. Ao invés de propor uma política de Estado para a educação nacional e para as crianças e jovens brasileiros, o documento mais parece um manifesto político do Partido dos Trabalhadores e dos seus apoiadores, a começar pelas associações signatárias, várias delas sem nenhuma relação direta ou clara com políticas de educação.
Assim, citam-se os exemplos surpreendentes dos seguintes participantes do “Fórum Nacional de Educação”: Associação Brasileira de Lésbicas, Gays, Bissexuais, Travestis, Transexuais e Intersexos (ABGLT), União Brasileira de Mulheres (UBM), Parte superior do formulárioCentral Única dos Trabalhadores (CUT), União Geral dos Trabalhadores (UGT), Confederação Nacional dos Trabalhadores na Agricultura – Contag, Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra - MST, entre outros.
Qualquer pessoa pode se questionar que relação tais associações têm com a qualidade da educação de crianças e adolescentes, os quais, afinal, frequentam as escolas brasileiras para adquirir conhecimento ou para doutrinação em ideologia de gênero? É de se notar que existam, por exemplo, associações específicas que representem os interesses de mulheres, de todos os tipos de sindicatos de trabalhadores além daqueles do setor educacional e o movimento dos sem terra, cuja relação com a política educacional também não é clara.
Por acaso um professor, comprometido com seu dever profissional de educar, deveria diferenciar seus alunos com base em gênero, cor, raça, orientação sexual ou condição econômica? A julgar pelas associações específicas que hoje compõem o Fórum Nacional de Educação, a resposta seria aparentemente positiva. Mas tal política que promove a segregação de diferentes “minorias” nas escolas não é justamente o oposto da educação que deve visar formar o ser humano intelectual e moralmente? Continuaremos a análise no próximo artigo.
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