ARTIGO

Deixa ser fácil

Por Fabiane Fischer |
| Tempo de leitura: 4 min

Hoje tive a oportunidade de conversar com uma pessoa que gosto muito e que há tempos não via. Durante a nossa conversa ela me contou que já era mãe de dois meninos, mas que há alguns anos atrás descobriu uma gravidez e isso a preocupou de início pois com dois filhos pequenos mais a jornada de trabalho a situação era bem complicada e poderia se tornar ainda mais intensa e desafiadora. Mas após o primeiro impacto que a notícia da gravidez trouxe, veio o amor pelo bebê que estava em seu ventre e todos os planos, sonhos e imaginações que a gravidez nos traz, não é mesmo mulherada?

Sempre digo que assim que a mulher sabe que está grávida, o botão MÃE é acionado e a mágica acontece. Nos sentimos diferentes, especiais e me arriscaria a dizer que em verdadeiro estado de graça.

Vamos continuar com a história... Passadas algumas semanas após o descobrimento da gestação, em uma manhã, quando ela foi ao banheiro, percebeu um sangue vivo escorrer. Ela procurou atendimento médico, fez tudo o que era possível ser feito, mas acabou abortando o bebê que ela já amava e que em seu íntimo era uma menina, que se chamaria Maria Luiza.

A tristeza bateu à porta da sua casa e sem entender o motivo pelo qual a gravidez tinha sido bruscamente interrompida, foi procurar uma explicação no espiritismo. Ela me trouxe algumas das possíveis explicações que lhe foram apresentadas, mas nada concreto.

Percebi que ela era uma pessoa de fé, mas que assim como São Tomé, precisa ver para crer. E em meu entendimento e experiência clínica, todas as pessoas que são controladoras e que também não aceitam as adversidades da vida com naturalidade, buscando um porque para tudo, são as pessoas que mais desenvolvem ansiedade. E neste momento da conversa me coloquei para ela da seguinte forma: Eu sei que a dor da perda é inevitável e que o luto também é, mas se Deus nos trouxe nesta existência com o esquecimento é porque este nos é divino. Acredito que o esquecimento divino nos protege de nós mesmos e nos dá a oportunidade de crescermos e evoluirmos com as situações que a vida nos apresenta, pois sempre digo uma frase que há muitos anos um senhor me falou: sem o fogo não se faz o pão. Respeito a sua fé, mas na minha crença a única coisa que nos cabe é aceitar, entregar e confiar nos desígnios de Deus. Eu entrego a minha vida a Ele, eu confio que Ele sempre cuida de tudo nos detalhes e eu aceito, pois o contrário disso nos traz muito sofrimento e eu escolho a paz e a serenidade para a minha mente e para o meu coração. Pra mim, quando somos pessoas boas, justas, honestas, generosas e que servimos aqui na Terra, Deus sempre nos protege de coisas que jamais saberemos, chamo isso de livramento.

Quando acabei de falar ela me disse assim: você está certa, para a maioria das coisas nunca teremos uma resposta e eu concordei. Simplesmente com a maturidade e experiência de vida, passei a não mais achar necessário ter uma explicação para tudo. Sinto-me em paz quando me conecto todos os dias com o Criador e sinto a sua presença me envolvendo, me protegendo, me guiando para o caminho que ele escolheu para mim. Desejo todos os dias servir cada vez mais, fazendo valer a minha existência na Terra e não desperdiçando a oportunidade de evoluir e me tornar uma pessoa melhor. Não precisamos complicar a vida, podemos e deveríamos trazer cada dia mais leveza, aceitação, alegria, bondade, amor e caridade para nossas vidas.

Esta pessoa que trouxe esta história de hoje, desenvolveu um tumor em seu ventre e aos meus olhos isso pode ser fruto da frustração vinda deste aborto. Acredito que teria sido muito mais simples trabalhar a mente dela naquele momento buscando ressignificar com AMOR E ACEITAÇÃO a frustração que a interrupção da gravidez a trouxe, mas sempre há tempo para a cura, quando você se permite e este é um ato muito simples, porque Deus é simples.

E você como escolhe viver a vida? Com carinho, Fabiane Fischer.

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