ARTIGO

Ódio e Poder: Uma Perspectiva Insensata

Por José Osmir Bertazzoni | 01/11/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Aterroriza-me ouvir as palavras daqueles que justificam a violência, seja ela de que forma se apresente. A morte prematura e violenta de crianças, quer seja por ação ou omissão, em nada altera a minha opinião e minha indignação.

Compreendo que, pelas ações de guerra, muitas crianças e idosos são vitimados. Da mesma forma, compreendo que na precarização dos serviços públicos, por omissão, vidas são ceifadas de maneira igualmente trágica. Não há sutileza nas diferenças: no primeiro exemplo, a repercussão é avassaladora, e a condenação é imediata. Na omissão, reina o silêncio, o acobertamento das causas e efeitos, e a condenação, quando ocorre, é morosa e raramente reparadora.

Considero chocantes os discursos daqueles que diferenciam assassinatos bárbaros de crianças, sejam eles perpetrados por grupos étnicos, religiosos entre outros. Da mesma forma, considero chocantes os abandonos e descasos por negligência, imperícia ou imprudência.

Qual crime é mais cruel e mais aterrador: assassinatos por crenças, ódio étnico/religioso, ou permitir que pessoas morram por abandono ou negligência?

Estamos testemunhando crianças mortas pelo Hamas e por Israel em Jerusalém e na Faixa de Gaza, pelos conflitos na Ucrânia e em outras partes do mundo. No entanto, também no Brasil, crianças morrem por abandono e negligência.

É claro que há uma diferença entre alguém que atira em uma criança apontando uma arma para sua cabeça ou queima crianças vivas com bombas lançadas indiscriminadamente em uma cidade. No entanto, também é crime quando essas crianças morrem por falta de atendimento médico ou pela negligência das autoridades públicas.

Estou chocado ao perceber que, para muitas pessoas de ambos os lados, o senso de humanidade que deveria nos levar a proteger os inocentes e suas vidas não existe mais. Como podemos fechar os olhos diante de milhares de vidas injustamente tiradas?

Não estamos apenas lidando com contendores que cometem crimes, mas também enfrentamos a perda do humanismo, da verdade e da justiça por uma parcela significativa das pessoas influentes nos velhos e novos meios de comunicação.

Exercer a cidadania é saber impor de forma organizada para que os gestores públicos enxerguem a imagem completa de seus atos e não se concentrem apenas em detalhes que lhes são informados. Se uma corrente política comete erros, as outras também o fazem. Portanto, é essencial dialogar com a sociedade e fortalecer ações que combatam todos os tipos de violência, incluindo a soberba, a arrogância e a vaidade.

Acredito que a existência de uma sociedade perfeita é possível, pois as imperfeições decorrem das distorções humanas e não das contribuições que impulsionaram o desenvolvimento científico e ético ao longo de nossa evolução. Para os meus leitores, gostaria de registrar que o terraplanismo é um termo anticientífico e negacionista utilizado para afirmar, de forma equivocada, que somos desprovidos de inteligência, indo contra as noções que afirmam que fomos criados à imagem e semelhança de Deus.

Por fim, nada justifica nenhum tipo de violência ou obscurantismo em nossa existência. Considero completamente insana a ideia de continuarmos alimentando ou aceitando o ódio.

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