ARTIGO

Outro modo de “não ver” as coisas

Por Walter Naime |
| Tempo de leitura: 3 min

Nos encontramos na fase da idade adulta, onde a consciência do tempo nos lembra que estamos vivos.

Nesta idade começam aparecer os desgastes naturais do corpo, o mal funcionamento dos órgãos vitais, as cirurgias, os avisos que os nossos sentidos sofrem deficiência exigindo os acompanhamentos médicos que passam ocupar o lugar da fase onde tudo era saúde e a energia transbordava. O esbanjamento de ideias do “ver” e do “enxergar” passavam despercebidos e nem tomávamos conta da sua existência.

A partir daí temos a necessidade de conservarmos o equilíbrio para contrapor as falhas e as faltas do organismo, sem perder as alegrias da vida.

Os boletos da cobrança começam a chegar e as contas da existência terão que ser pagas com a paciência dos atingidos.

Conhecemos duas formas de “ver” as coisas: aquelas que nos atingem pela visão e são representadas pelo verbo “ver” e a outra que é o verbo “enxergar” cujo alcance supera a do verbo “ver” que tem o horizonte como limite.

Durante toda a história da humanidade, para se “ver melhor”, para se colher imagens mais nítidas foram inventadas as lentes; os óculos; as lunetas; os binóculos; os telescópios e microscópios, aparelhos que graças aos conhecimentos da física ótica nos trouxeram muitas alegrias e revelações da verdade.

Antes dos satélites artificiais e do desenvolvimento da era espacial, a lua era conhecida somente pela face iluminada. A outra face só era imaginada. A face iluminada se apresentava romântica, inspirando os casais enamorados do nosso planeta. A figura de São Jorge em sua montaria, empunhando sua grande lança para combater o dragão que lá existia, era colocado como herói de uma luta. A lua servia também para provocar alguns risos quando se ouvia o caso de dois bêbados que ao ver a imagem da lua na lagoa que estava ao seu lado um dirigindo-se ao companheiro disse: “Segura bem firme aí compadre, veja em que altura estamos”.

A lua também foi considerada “doente”, pois as vezes deixava de ser romântica, apresentando muitas manchas parecia estar se recuperando de uma “catapora”. Com o tempo se constatou que essas manchas eram crateras provocadas por impacto de meteoritos e outros entes celestes.

Podemos ver diante desses fatos que hoje ela goza de boa saúde continuando inspirar os casais enamorados pois devem antes do casamento ter comprado os “óculos lunares” dando oportunidades de se sonhar com os anjos frequentadores daquele mundo.

A outra face da lua no entanto só se podia sentir “enxergando” o que dava margem a imaginação se aprofundar. Poderíamos ter o direito de nominar esse fato de “enxergamento”. Esse fenômeno mental pode ser aplicado a muitas coisas do universo que ainda desconhecemos.

O poder do “enxergar” está diretamente ligado ao nosso cérebro e supondo que tivessem “olhos de enxergar” estaríamos incluindo as “multidimensões” do cosmos com todas as suas diversidades bioquímicas e tecnológicas que ampliariam os campos do entendimento dessas maravilhas.

Nas transformações transitórias atuais, aparece um fenômeno que atinge uma “porção” da juventude que se apresentam com uma grande disposição de “nem estudar” e “nem trabalhar”. São denominados de grupo dos “Nem, Nem” e está levando para o “caos da vontade”.

Esse “Nem estudar” e “Nem trabalhar”, passa a ser um novo modo de “não ver” as coisas. Isso nos remete a ideia de uma “greve geral” contra a curiosidade e o conhecimento, asfixiando o progresso. Não devemos aceitar esse comportamento e esse modo “de não ver” as coisas exigirá o uso de óculos para cegos.

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