Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) já apontam o Brasil como o país mais ansioso do mundo e aponta também que 86% dos brasileiros sofrem com algum transtorno mental. Quanto ao suicídio, os números globais são estarrecedores: a cada quarenta segundos uma pessoa tira a própria vida. Depressão: a doença do século.
Existe uma crise de saúde mental em curso e quem diz isso é a Organização Pan-Americana da Saúde (OPAS). Infelizmente, está faltando conhecimento e sobrando preconceito e falta de preocupação com esse tema.
Praticamente todos nós passamos por problemas, em todos os níveis, entretanto, a cada dia que passa sabemos lidar menos com eles. O que move o ser humano é seu corpo psíquico, formado pelas emoções, e estamos nos destruindo psiquicamente por alimentarmos perdas, frustrações, mágoas, por excesso de cobrança, por nos preocuparmos neuroticamente com o futuro, supervalorizarmos a opinião alheia, por querer mudar os outros e controlar o incontrolável. O orgulho, a comparação, o apego, o status, a competição e a necessidade de ter cada vez mais está acabando com o ser humano.
Uma criança tem mais informação hoje do que um imperador romano tinha no passado, entretanto, a cada dia sabemos menos de nós mesmos. Congestionamos nossas mentes com o que não precisamos e nos abandonamos cada vez mais. Reflexão, diálogo interno, filosofia e autoconhecimento são termos desvalorizados. Gestão emocional é perda de tempo, depressão é frescura, terapia é para loucos; entretanto, as doenças avançam na mesma proporção do preconceito... E o cenário, com suas respectivas estatísticas, estão aí nos noticiários. Entendemos de tudo e a ciência avança, mas cuidamos muito mal do que deveria ser a coisa mais preciosa da existência humana: nossa saúde mental e emocional, a base de tudo.
Enfim, o quadro da saúde mental realmente é caótico e enquanto o preconceito, a falta de conhecimento e investimento neste assunto persistir, todas estas estatísticas vão continuar crescendo negativamente, pois, como disse Freud, “sofremos porque somos estranhos a nós mesmos”.
Temos em nossa mente várias “caixas” que toleram apenas o que está no nosso controle. Ela foi feita para isso. Quando nos deixamos de lado e “compramos” o que não precisamos ou tentamos controlar o que não está no nosso controle ou, ainda, não resolvemos nossos conflitos internos, estas caixas começam a “transbordar” e “dividem” o problema com o físico. E é exatamente aí que começam a aparecer os transtornos.
A Filosofia – através da Escola Estoica (Estoicismo) - nos ensina muito sobre isso. A maioria do sofrimento que há no mundo e as consequentes doenças emocionais e físicas têm muitas de suas causas na falta de compreensão e aplicação destes conhecimentos. Está mais do que na hora de mudarmos nosso circuito cerebral. Temos um cérebro novo, inteligente e muita facilidade e tecnologia, mas estamos atuando com o mesmo que tínhamos na época das cavernas. E vale aqui o alerta: se você não está bem, se sua vida pessoal ou profissional está sendo prejudicada ou se você tem sintomas de algum transtorno, não hesite em buscar ajuda profissional.
“Saúde é o estado de completo bem-estar físico, mental e social e não somente a ausência de doença”. (OMS - Organização Mundial da Saúde).
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