Sob o signo de Francisco! Interessante a simbologia que reveste a atribuição do nome no contexto bíblico. Na mentalidade da Sagrada Escritura, o nome revela e designa o destino, a missão. Ao ser ungido Papa, o cardeal Jorge Mario Bergoglio assumiu o nome de Papa Francisco. Além de Pedro, o novo Papa vislumbrou ser também Francisco. A escolha do nome novamente indica, sinaliza e revela a concepção e direção simbólica da missão do atual papado. Em São Francisco, a comunhão com a criação revela uma dimensão profundamente ecológica, onde toda criação passa a ser compreendida como sagrada, reflexo e manifestação do próprio Deus. A intensa comunhão com a natureza possibilita ao pobrezinho de Assis acolher a dinâmica da vida em toda sua complexidade, vivendo as dores e as alegrias da existência.
Louvado Seja! O Papa Francisco está para lançar, na festa maior de São Francisco de Assis, no próximo dia 4 de outubro, uma nova Carta Encíclica, em um movimento de continuidade, atualização e aprofundamento das questões tratadas na Encíclica Laudato Sí, publicada em 2015. Mantendo o tema dos cuidados com a casa comum, a nova Encíclica, a quarta do Pontificado de Francisco, enfatizará as mudanças climáticas que afetam tão profundamente a vida em nosso planeta, a mãe terra.
Uma Epistola Encíclica, ou seja, uma Carta Circular, é um documento pontifício, que traz o selo da autoridade da Cátedra de São Pedro. Por meio da Encíclica o Papa aborda um determinado tema relacionado com a vida da Igreja ou com alguma questão própria da dinâmica das relações em sociedade. Sob o prisma da fé cristã católica, a partir da autoridade do magistério papal, a Carta Encíclica é uma comunicação direta do Papa, cumprindo a função de orientar e ensinar sobre determinada questão identificada como central.
O desequilíbrio climático tem impingido um grande sofrimento para um vasto contingente de pessoas no mundo. Esse desequilíbrio é resultado de uma atuação predatória, que explora de maneira injusta e insustentável a natureza. A visão equivocada de desenvolvimento e progresso tem produzido graves consequências para o meio ambiente e para a vida em geral. A destruição do planeta alcançou uma escala industrial, acentuando-se vertiginosamente nos últimos 50 anos. A busca desenfreada por acumular riquezas e obter cada vez mais lucros parece estar levando a humanidade a uma espécie de cegueira crônica, que a torna incapaz de enxergar que seu destino está profundamente vinculado ao destino da própria terra
Diante deste gravíssimo estado de coisas, torna-se urgente e imprescindível a construção de um novo paradigma de desenvolvimento, pautado na ética da ecologia integral. A concepção da ecologia integral parte do princípio básico de que a humanidade e a natureza compõem uma mesma realidade complexa. Isso significa que não é possível se separar o ser humano do meio ambiente, pois há uma integração profunda e uma comunhão sagrada entre ambos.
A nova Carta Encíclica Laudato Si busca atualizar a urgente denúncia sobre o acelerado processo de devastação ambiental que tem provocado as mudanças climáticas; procura alertar sobre os riscos e sequelas para a humanidade se tal postura perdurar por mais tempo e, sobretudo, vislumbra apontar o caminho da esperança de uma humanidade reconciliada com a natureza, com o planeta. A elevada compreensão, já presente na sublime oração de louvor de São Francisco, de que toda a criação contempla um profundo vínculo fraterno é a mensagem central e imprescindível da nova Laudato Si do Papa Francisco.
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