AVC

AVC: só no 1º semestre deste ano, 50 mil pessoas morreram no Brasil

Por Nani Camargo | nani.camargo@jpjornal.com.br
| Tempo de leitura: 4 min
Divulgação
Theo Germano Perecin é neurologista: cigarro e obesidade são fatores de riscos
Theo Germano Perecin é neurologista: cigarro e obesidade são fatores de riscos

Dados da SBDCV (Sociedade Brasileira de Doenças Cerebrovasculares) mostram que uma em cada quatro pessoas de sua convivência vai ter um acidente vascular cerebral. O AVC é o entupimento ou rompimento dos vasos que levam sangue ao cérebro, provocando a paralisia da região afetada no cérebro. No Brasil, o acidente vascular já matou 50.291 brasileiros somente no primeiro semestre deste ano, segundo dados do Portal da Transparência dos Cartórios de Registro Civil do Brasil. Em 2022, mais de 114 mil morreram vítimas da doença no País.

“Ele pode ser de dois tipos principais: o isquêmico, que é quando ocorre a obstrução do vaso, que acontece entre 80 e 85% dos casos, e o hemorrágico, que é quando há um sangramento no tecido cerebral e, assim, um prejuízo do fluxo no local. Os sintomas principais seriam quando a pessoa tem, de repente, uma perda de força de um dos lados do corpo, um desvio da boca, a fala diferente, mais enrolada, alteração visual. Todos são sintomas súbitos. Na ocorrência de qualquer um desses sinais, a pessoa, mesmo leiga, pode suspeitar que está ocorrendo um AVC e, sabendo disso, prontamente já ativar o serviço de emergência, que a gente sempre recomenda que seja chamado o Samu, para que o atendimento seja feito com a maior emergência possível”, explica o neurologista de Piracicaba, Theo Germano Perecin.

O AVC atinge tanto homens quanto mulheres proporcionalmente e pode ocorrer em qualquer idade. Mas, quanto mais idoso, maior a incidência.

“Existem situações que não são modificáveis, por exemplo, condições genéticas que podem predispor o AVC, doenças da coagulação, síndromes genéticas e a idade. São fatores que não tem como mudar. E fatores que são possíveis de se evitar e que são os principais casos de AVC, como a obesidade, diabetes não controladas, hipertensão, sedentarismo, abuso do cigarro, álcool, drogas. São fatores de risco que seriam modificáveis e que podem ser prevenidos e diminuir o risco do AVC”, pontua.

O paciente que sofre o AVC também deve passar por um tratamento de readaptação multidisciplinar com ação da enfermagem, fonoaudiologia, fisioterapia, e que se pode estabelecer por um tempo prolongado, muitas vezes até por tempo indeterminado. “Muitos pacientes conseguem uma reabilitação adequada e voltam à capacidade do trabalho e  obom convívio social”, diz Perecin.

‘Meu AVC foi isquêmico em 2016, aos 22 anos de idade’

A nutricionista Nathália Dario Zambon, 30 anos, moradora do bairro São Dimas, teve um AVC isquêmico aos 22 anos. “Estava na academia e tinha dor de cabeça. No meio do exercício, senti uma pontada muito forte do lado direito. Pensei que havia caído a pressão, peguei um copo de água e sentei. Meu professor trouxe uma bolacha salgada, mas não conseguia mastigar. Como estava estudando sobre AVC na faculdade, falei para o professor para me tirarem dali”, contou Nathália.

Ela disse que não acreditaram na possibilidade do AVC por ser muito nova, mas fizeram testes de coordenação motora. “Eu perdi totalmente o sentido do lado esquerdo. Comecei a sentir ânsia. Ligaram para minha mãe, me colocaram no carro e fui levada ao hospital. No trajeto, não aguentei e comecei a vomitar e a dor não passava. Chegando no hospital, fui muito bem atendida na Santa Casa, já entraram comigo na maca e fizeram uma tomografia, onde não foi detectado nada. Acharam muito estranho o quadro pois, além de não sentir nada do lado esquerdo, minha boca também estava torta. Fizeram então uma ressonância, onde foi detectado um AVC isquêmico. Me levaram para a unidade semi-intensiva e começaram com as medicações. Também fizeram o processo de trombólise. Fui cuidada e sou acompanhada até hoje pelo doutor Theo Germano Perecin”.

A nutricionista conta que não perdeu a consciência em nenhum momento e que lembra de tudo que aconteceu naquele dia. “De madrugada, o médico disse que estava tudo voltando a simetria normal. No dia seguinte de manhã, já fui levada ao quarto, porém, ainda não tinha forças do lado esquerdo. Comecei com a fisioterapia no hospital mesmo. Dei entrada no hospital terça final da tarde e tive alta domingo na hora do almoço”, relembra.

Seu hematologista, André Gervatoski, investigou depois as causas do acidente e foi descoberta uma alteração genética chamada “Fator V de Leiden”. “Na época, eu tomava pílula (hormônio) e esse fator fez com que o sangue desenvolvesse um coágulo (trombo) e fosse para o cérebro. Fiz 20 sessões de fisioterapia pós alta e atualmente não tenho sequelas”.

Clique para receber as principais notícias da cidade pelo WhatsApp.

Comentários

1 Comentários

  • Ivonete Sacino 25/09/2023
    Dr Theo, médico super competente, cuidou de vários AVCs do meu pai e hoje cuida do akzheiner da minha mãe. Sigamos os conselhos dele e assim poderemos evitar esse mal que atinja tantas pessoas.