CULTURA

Capelas de Piracicaba: patrimônio cultural e arquitetônico cheio de histórias

Por Nani Camargo | nani.camargo@gmail.com
| Tempo de leitura: 5 min
Capela São Pedro do Monte Alegre: histórica
Capela São Pedro do Monte Alegre: histórica

Um tour no tempo, na história e na arquitetura. Tudo isso, em meio à religiosidade e muita beleza. É isso que nos remete às belas capelas de Piracicaba. A cidade conta com 90 capelas urbanas e 44 rurais. Já as paróquias – as quais as capelas são atreladas – são 28 em Piracicaba, segundo dados fornecidos pela Diocese ao JP.

Algumas são particulares, localizadas em propriedades privadas. A maioria, porém, pertence à Diocese. A diferença entre capelas e paróquias está no tamanho das primeiras: são geralmente templos menores. “Dentro do território de cada paróquia existem várias capelas”, cita a assessoria da Diocese.

O JP fez consultas, também, junto ao extinto Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba) e ao Condephaat (Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico e Turístico do Estado de São Paulo).

O Ipplap possui vários estudos que trazem a memórias e fotos de algumas das mais tradicionais instituições religiosas de Piracicaba.

O JP listou algumas dessas capelas, antigas, que possuem uma arquitetura exuberante.

MONTE ALEGRE - Estabelecida na principal via do bairro, a Capela São Pedro faz parte do conjunto de imóveis construídos no século passado e é reconhecido por seu valor histórico e cultural. É um dos mais belos pontos turísticos de Piracicaba. Réplica de uma igreja de Siena, na Itália, a obra neo-romântica conta com afrescos do pintor Alfredo Volpi, considerado pela crítica como um dos artistas mais importantes da segunda geração do modernismo. A Capela São Pedro do Monte Alegre faz parte da Comunidade Religiosa do Cemitério Parque da Ressurreição e as funções pastorais está sob a responsabilidade da Paróquia São João Batista Precursor. É aberta para visitação pública, aos sábados e domingos, das 8h às 13h. Aos domingos tem missa às 11h.  Celebrações como casamentos podem ser feitas mediante agendamento.

O bairro de Monte Alegre foi formado em sua maioria por trabalhadores imigrantes italianos. A história da região esbarra com a estória da Usina de Monte Alegre, uma das maiores produtoras açucareiras do Estado de São Paulo, fundada pelo Comendador Pedro Morganti em 1912. A Capela São Pedro de Monte Alegre foi construída a pedido de Pedro Morganti para que os trabalhadores da usina mantivessem viva a fé católica.

À época, Morganti contratou o engenheiro italiano Antonio Ambrote – também mestre de obras do teatro municipal de São Paulo – para construí-la. A Capela foi inaugurada em 1936 no alto da Colina.

Com planta elaborada em formato de cruz, a Capela de São Pedro foi inspirada por uma igreja de Bozzano, na região da Toscana, Itália. O interior da pequena Capela abriga aproximadamente 600m2 de pinturas de Volpi, que cobrem paredes, teto e colunas. As paredes têm como temas a Eucaristia, os símbolos petrinos, as chaves de São Pedro e o Divino Espírito Santo. Na cúpula, o artista destacou os quatro evangelistas: Mateus, Marcos, Lucas e João. Em 1991 a Capela foi tombada como patrimônio histórico.


PASSO DO SENHOR DO HORTO - A Capela Passo do Senhor do Horto, denominada “Paço da Via Sacra São Vicente de Paulo”, localiza na Rua Prudente de Moraes, 804, quase na esquina com a Praça José Bonifácio, no centro de Piracicaba, foi tombada pelo Condephaat em 2018.

Um patrimônio com 145 anos de história, o oratório tem 12 metros quadrados de área, um altar em madeira em estilo barroco e uma imagem de madeira de Jesus Cristo no Horto das Oliveiras, com um cálice na mão. Foi inaugurada em 1873 e restaurada em 2013, a capela está sob a jurisdição Paróquia Santo Antônio – Sé Catedral.


Projetada e executada por Miguel Arcanjo Benício da Assumpção Dutra (Miguelzinho Dutra), a Capela Passo do Horto foi inaugurada durante as cerimônias religiosas da Semana Santa, em 1873.

A edificação de relevante interesse arquitetônico apresenta na fachada elementos neoclássicos. O retábulo executado por Miguel Dutra no estilo Barroco tardio influenciado pelo Rococó talvez seja o mais importante bem do Patrimônio Cultural de Piracicaba, pois configura-se como o último remanescente da obra de entalhe do importante artista.

Capela São Miguel Arcanjo, no Cemitério da Saudade, é de 1910

Uma das capelas mais tradicionais de Piraciba é a localizada no Cemitério da Saudade. Em 1910 foi construída a capela dedicada a São Miguel Arcanjo na via principal do cemitério, para manter a tradição da celebração da missa em devoção às almas, todas as primeiras segundas-feiras de cada mês, pela manhã.

Reformada em 2000, a capelinha de São Miguel Arcanjo teve suas esquadrias substituídas e um novo velário foi executado com distância do prédio para evitar que a fumaça das velas manchasse novamente a parede de trás, onde havia o costume de se acender velas em favor das almas. As informações constam em documento produzido pelo Ipplap (Instituto de Pesquisas e Planejamento de Piracicaba).

"Na capelinha havia uma imagem de São Miguel Arcanjo, juntamente a outras, como Jesus Cristo, Santo Expedito, Nossa Senhora Aparecida e o Divino Espírito Santo. Anteriormente decorado com desenhos florais, o interior pintado de branco ganha vida com os diferentes vasos de flores que enfeitam o lugar, junto  às imagens. Apesar das pequenas proporções, a capelinha chega a receber centenas de pessoas em datas especiais, como dia das Mães, dos Pais e Finados"

Durante aproximadamente 60 anos a administração do cemitério funcionou em uma sala nos fundos da capela e dividia espaço com o Instituto Médico Legal - IML da cidade. A capela de São Miguel Arcanjo pertence à paróquia Bom Jesus do Monte, no Bairro Alto.

CAPELA DE SÃO JOÃO BATISTA - O Bairro da Água Branca ficou conhecido por esta designação pelas olarias, comuns no local, que tingiam de branco as águas de um rio que passava por ali, deixando-as com aparência leitosa. De acordo com a ata da primeira reunião do bairro, em 8 de agosto de 1930, o frei Salvador de Cavedine instituiu a liga de moradores para tomar conta do templo e organizar as festas religiosas, que comprova a existência da igrejinha, a qual foi edificada, provavelmente entre 1914 e 1915. Segundo o Ipplap, em 1946, a capela passou por uma nova obra, quando o atual prédio foi construído - em maiores dimensões - para abrigar a comunidade, sendo que na mesma data também foi construído o salão de festas.

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