Inicialmente é preciso desmistificar que o medo, como qualquer outra emoção, não é controlável. Emoções são instintivas, inconscientes; acontecem e pronto. Ninguém tem o poder de controlar emoções. O que podemos desenvolver é a capacidade de ter a percepção correta sobre elas e, então, gerenciar o nosso comportamento. Vale desmistificar também que o medo não é sinal de fraqueza e muito menos de covardia. Trata-se de uma reação involuntária, que ocorre em vários momentos da nossa vida e que tem explicação e causa psíquica.
São muitos os exemplos, que variam de pessoa a pessoa: medo do futuro, de água, do escuro, de dirigir, de falar em público, de que algo aconteça de errado com você, com seus filhos ou alguém querido, o medo de arriscar, o medo do novo, de tomar uma decisão, de mudar e tantas outras situações...
Medo: emoção básica, um sentimento natural, bem como um poderoso e muitas vezes positivo mecanismo de defesa!
O “problema” acontece quando o medo começa a prejudicar nosso bem-estar e nossa qualidade de vida ou, então, nos impede de fazer coisas que precisamos ou queremos.
Na maioria dos casos, o medo tem a ver com fatos do nosso passado, em situações em que nos foi “informada” alguma situação perigosa (sendo ela real ou não), entretanto, nosso inconsciente codificou como problema real e nos “protege para sempre”, nos mantendo longe daquele tipo de situação. O agravante é que, na maioria dos casos, ocorre uma generalização, transportando a emoção para várias outras situações (mesmo não perigosas) ou então aumentando o tamanho ou mesmo o perigo delas. Portanto, é preciso entender o medo, analisá-lo e, depois, racionalizá-lo. Vamos a uma interessante história que nos motiva a vencer nossos medos...
Um rei recebeu certo dia dois lindos pássaros de presente, os mais lindos que ele já tinha visto. Ele entregou suas aves para serem treinadas. Algum tempo depois, recebeu a informação de que somente um conseguira alçar voo. O outro não havia saído do seu galho desde o dia que tinha chegado ali. O rei então chamou os curandeiros e feiticeiros de toda a região, mas ninguém conseguia fazer o pássaro voar. Após muitas tentativas, o rei pensou: "Talvez eu precise de alguém mais familiarizado com a vida no campo para compreender a natureza do problema”. Então ele gritou para a sua corte: "Encontrem um fazendeiro". No dia seguinte, o Rei se emocionou vendo o pássaro em pleno voo, próximo ao palácio. Então, disse à sua corte: "Traga-me a pessoa que fez esse milagre." A corte rapidamente localizou o fazendeiro, que veio e pôs-se diante do rei. O rei lhe perguntou: "Como você o fez voar?" Com a cabeça baixa, o fazendeiro disse ao rei: "Foi muito fácil, Sua Alteza. Eu simplesmente cortei o galho onde o pássaro estava sentado."
Todos nós nascemos para voar, para fazer o melhor, mas às vezes não temos coragem, ficamos sentados em nossos galhos e escravos de nossos medos, caprichos ou zona de conforto, em função de construções psíquicas ao longo da vida.
O segredo é ter atitude, não nos basear na crença de que “não podemos” e, se for preciso, buscar ajuda. Lembrando que conhecimento só é válido quando se transforma em comportamento.
O medo nos protege de vários perigos, mas até um certo ponto. Quando ele começa a limitar passos da nossa vida e nos leva a evitar situações que gostaríamos de ultrapassar, tornamo-nos obedientes ao medo e não à nós mesmos.
Podemos muito, mas, talvez, ainda não descobrimos. Vamos sair do galho do medo para alçarmos grandes voos!
Questione o seu medo, antes que ele não lhe dê espaço para viver.
Quem está no controle da sua vida, você ou o medo?
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