Durante sua trajetória, assumiu diversos cargos públicos, passando pelo Ministério da Agricultura, do Comércio e das Obras Públicas, e tornou-se notório, ainda em sua juventude, em jornais onde  publicava suas primeiras poesias e crônicas. Muitas de suas obras circulavam primeiro nos jornais e revistas. Posteriormente, seus romances, coletâneas de contos e poesias, foram publicados em livro.

Em 1860, Machado de Assis era colaborador do “Diário do Rio de Janeiro” e é dessa década que datam quase todas suas comédias teatrais e “Crisálidas”, um livro de poemas. Em seguida, Machado de Assis teve acesso à literatura portuguesa e inglesa e, na década seguinte, publicou uma série de romances, sendo reconhecido pelo público e crítica.

Até então a produção literária do escritor era notadamente romântica, mas na década seguinte sofreu uma mudança estilística e temática, iniciando o movimento realista no Brasil com a publicação de Memórias Póstumas de Brás Cubas (1881) e as obras Quincas Borba (1891) e Dom Casmurro (1899), este considerado a sua obra-prima. Nesse período, a ironia, o pessimismo, o espírito crítico e uma profunda reflexão sobre a sociedade tornam-se as principais características da escrita do autor, que também abrange poemas, contos, traduções e peças teatrais.

No início do século XX, após fundar a ABL (Academia Brasileira de Letras) e sofrer a perda de sua esposa, Carolina, com quem se casou em 1869, Machado de Assis começou a se isolar e sua saúde declinou. Durante esse período, ele produziu seus dois últimos romances, "Esaú e Jacó" e "Memorial de Aires."

PRINCIPAIS OBRAS:

Memórias Póstumas de Brás Cubas

Publicado inicialmente entre março e dezembro de 1881 em uma revista brasileira, no formato de folhetim, "Memórias Póstumas de Brás Cubas" revolucionou a literatura nacional ao desafiar os padrões literários da época. Com capítulos curtos e uma linguagem única, aproximou-se das primeiras manifestações modernistas do século seguinte. O livro apresenta um tom cáustico e marca o início de um novo estilo na obra de Machado de Assis, demonstrando audácia temática e inovação dentro do panorama literário brasileiro. Além de fazer uma crítica afiada à sociedade burguesa do Rio de Janeiro do século XIX, a história narra a vida, amores e desilusões de Brás Cubas, enquanto revela os labirintos da alma humana.

Dom Casmurro

Este é, sem dúvida, um dos livros mais icônicos de Machado de Assis e é escrito de maneira que permite interpretações diversas e, muitas vezes, contraditórias. A presença de um narrador não confiável deixa a conclusão sobre a história de Bentinho e Capitu nas mãos do leitor. Capitu realmente traiu Bentinho com Escobar ou Bento Santiago estava perdendo a sanidade? O livro aprofunda a visão crítica que o autor tinha sobre a sociedade em geral, explorando a temática do ciúme e provocando debates sobre o caráter de uma das principais personagens femininas da literatura brasileira. Essa ambiguidade é uma das características distintivas de Machado de Assis, que explora as contradições da mente humana e a subjetividade da realidade.

Quincas Borba

Inserido no movimento literário denominado realismo, que se propõe a analisar as relações humanas de forma mais realista, "Quincas Borba" conta a história de Rubião, um professor de matemática que herda toda a fortuna de seu amigo excêntrico, o filósofo Quincas Borba. Após a morte do amigo, Rubião entra em um mundo completamente novo, repleto de luxos, tornando-se objeto de manipulação por parte de seus "amigos". Por meio de personagens complexos e diálogos perspicazes, o autor questiona a noção de progresso e sucesso material, levando o leitor a refletir sobre a natureza humana e as consequências de nossas ações. A obra combina drama, sátira e ironia, características distintivas do estilo literário de Machado de Assis.

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