TRANSPLANTE

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'Corrida pela vida': transportadores de órgãos contam rotina intensa

'Corrida pela vida': transportadores de órgãos contam rotina intensa

Órgãos para transplante podem aparecer em qualquer lugar do estado: 'é uma corrida contra o tempo, estamos sempre disponíveis'

Órgãos para transplante podem aparecer em qualquer lugar do estado: 'é uma corrida contra o tempo, estamos sempre disponíveis'

Por Roberto Gardinalli | 06/09/2023 | Tempo de leitura: 4 min

Por Roberto Gardinalli


06/09/2023 - Tempo de leitura: 4 min

Roberto Gardinalli

A corrida é pela vida, e contra o tempo. O trabalho não tem hora para acontecer e pode ser em qualquer lugar do Estado de São Paulo. A corrida pode começar em Campinas, passar por cidades como Marília, Botucatu, Limeira e Piracicaba. Assim, os transportadores de órgãos da OPO (Organização de Procura de Órgãos) desempenham um papel considerado fundamental por médicos e enfermeiros na corrida pela sobrevivência de quem precisa de um transplante.

Saindo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Campinas, com destino à Santa Casa de Limeira, a equipe de Fernanda Ferrarezi, que atua na área há seis anos, cumpriu, nesta sexta (6), mais uma missão. Ela, junto dos motoristas Euler Rezende e Leonildo Ferrarezi, foram convocados para transportar um fígado, rins e córneas de uma paciente que estava internada no hospital e teve a morte encefálica diagnosticada. Fernanda e Leonildo participaram também do transporte de vários órgãos que saíram da Santa Casa de Piracicaba no último dia 25 de agosto. Entre eles, um coração.

O órgão foi levado até o estádio Barão da Serra Negra, onde o helicóptero Águia, da Polícia Militar, aguardava para fazer o levá-lo até São Paulo, onde aconteceu o transplante. “A gente não tem muito horário. Acontece de ter o doador meia noite, uma hora. A qualquer horário do dia, estamos disponíveis”, disse. “Quando tem o chamado, vamos até o local e começa o trabalho da coleta”, comentou.

A correria começa antes de pegar a estrada, com o comunicado de disponibilidade do órgão. “Tudo começa com o trabalho das OPO, que é uma equipe que busca não só diagnosticar a morte encefálica mas também educar as equipes de saúde sobre esse diagnóstico e auxiliar para que o diagnóstico seja assertivo”, disse a médica Simone Perales, especialista em transplante de fígado, responsável pela captação que aconteceu em Limeira.

Segundo a médica, a maior parte dos transplantes no Brasil é de doadores falecidos, que tiveram o diagnóstico de morte encefálica. Depois desse diagnóstico, acontece a conversa com os familiares, que vão autorizar ou não a doação. “Uma vez fechado esse diagnóstico, através de um protocolo bem rígido para que não haja erros, a equipe da OPO conversa com os familiares sobre a possibilidade de autorizar a doação de órgãos”, disse.

O doador só é inserido no sistema de transplantes após a família autorizar a doação. “A compatibilidade depende do órgão a ser doado. No caso do fígado, por exemplo, é pelo tipo de sangue. Então, existe uma lista de receptores cadastrados conforme o tipo sanguíneo.

Se temos um doador do tipo A, via de regra vai ser oferecido para os receptores do tipo A, por exemplo”, explicou. “Uma vez cadastrado, a central liga para as equipes de transplante, informando que há um doador compatível. E aí, baseados em diversos fatores, aceitamos, ou não, o órgão”, completou. A médica explicou, ainda, que a prioridade de recebimento do órgão acontece de acordo com a chamada Escala Meld. “Quanto maior esse índice, mais na frente na fila está o paciente”, afirmou.

CONTRA O TEMPO - Com a autorização da família, exames complementares são feitos no doador para garantir que não haja nenhum problema, como infecções, que possam trazer complicações para o receptor. Segundo a especialista, o doador é inserido no sistema em até seis horas após o resultado. “O processo de doação é bastante criterioso e também respeitoso com com o doador e seus familiares, que estão em um momento extremamente delicado”, completou.

A partir daí, a correria dos transportadores começa. Dependendo do caso, é necessário o apoio de outros órgãos, como a Polícia Militar, na escolta e Corpo de Bombeiros para o transporte. “Eles estão sempre nos ajudando. Quando é coração, é transportado pelo Águia por causa do tempo”, disse a transportadora Fernanda. “Como estamos hoje com a equipe da urologia, da gastro, que o tempo é maior. Mas, no caso de estarmos com um órgão no carro e pegar um congestionamento, pedimos apoio para a Polícia Militar”, completou.

“A gente vive numa corrida contra o tempo”, disse. Para ela, ainda é necessário que a população discuta mais sobre a doação de órgãos. “As pessoas ainda têm poucas informações sobre isso. O governo, as prefeituras, poderiam se envolver mais para as pessoas se conscientizarem mais sobre esse assunto. Você ouve ainda hoje muita barbaridade”, disse.

“O Brasil é o 2° país do mundo a fazer transplante de fígado de doador falecido, e 30° no número de doadores disponíveis. Então temos poucos doadores. Menos da metade da demanda de receptores que temos é atendida a cada ano”, disse a médica Simone Perales. “Cerca de 50% das perdas de potenciais doadores ocorre justamente no momento da entrevista com a família. Ou seja, quanto mais conversarmos sobre o assunto, divulgarmos que um doador ajuda até 8 receptores que há meses aguardam um transplante, mais chance teremos em ter doadores e assim ajudar a salvar essas pessoas que aguardam”, finalizou.

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A corrida é pela vida, e contra o tempo. O trabalho não tem hora para acontecer e pode ser em qualquer lugar do Estado de São Paulo. A corrida pode começar em Campinas, passar por cidades como Marília, Botucatu, Limeira e Piracicaba. Assim, os transportadores de órgãos da OPO (Organização de Procura de Órgãos) desempenham um papel considerado fundamental por médicos e enfermeiros na corrida pela sobrevivência de quem precisa de um transplante.

Saindo da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), em Campinas, com destino à Santa Casa de Limeira, a equipe de Fernanda Ferrarezi, que atua na área há seis anos, cumpriu, nesta sexta (6), mais uma missão. Ela, junto dos motoristas Euler Rezende e Leonildo Ferrarezi, foram convocados para transportar um fígado, rins e córneas de uma paciente que estava internada no hospital e teve a morte encefálica diagnosticada. Fernanda e Leonildo participaram também do transporte de vários órgãos que saíram da Santa Casa de Piracicaba no último dia 25 de agosto. Entre eles, um coração.

O órgão foi levado até o estádio Barão da Serra Negra, onde o helicóptero Águia, da Polícia Militar, aguardava para fazer o levá-lo até São Paulo, onde aconteceu o transplante. “A gente não tem muito horário. Acontece de ter o doador meia noite, uma hora. A qualquer horário do dia, estamos disponíveis”, disse. “Quando tem o chamado, vamos até o local e começa o trabalho da coleta”, comentou.

A correria começa antes de pegar a estrada, com o comunicado de disponibilidade do órgão. “Tudo começa com o trabalho das OPO, que é uma equipe que busca não só diagnosticar a morte encefálica mas também educar as equipes de saúde sobre esse diagnóstico e auxiliar para que o diagnóstico seja assertivo”, disse a médica Simone Perales, especialista em transplante de fígado, responsável pela captação que aconteceu em Limeira.

Segundo a médica, a maior parte dos transplantes no Brasil é de doadores falecidos, que tiveram o diagnóstico de morte encefálica. Depois desse diagnóstico, acontece a conversa com os familiares, que vão autorizar ou não a doação. “Uma vez fechado esse diagnóstico, através de um protocolo bem rígido para que não haja erros, a equipe da OPO conversa com os familiares sobre a possibilidade de autorizar a doação de órgãos”, disse.

O doador só é inserido no sistema de transplantes após a família autorizar a doação. “A compatibilidade depende do órgão a ser doado. No caso do fígado, por exemplo, é pelo tipo de sangue. Então, existe uma lista de receptores cadastrados conforme o tipo sanguíneo.

Se temos um doador do tipo A, via de regra vai ser oferecido para os receptores do tipo A, por exemplo”, explicou. “Uma vez cadastrado, a central liga para as equipes de transplante, informando que há um doador compatível. E aí, baseados em diversos fatores, aceitamos, ou não, o órgão”, completou. A médica explicou, ainda, que a prioridade de recebimento do órgão acontece de acordo com a chamada Escala Meld. “Quanto maior esse índice, mais na frente na fila está o paciente”, afirmou.

CONTRA O TEMPO - Com a autorização da família, exames complementares são feitos no doador para garantir que não haja nenhum problema, como infecções, que possam trazer complicações para o receptor. Segundo a especialista, o doador é inserido no sistema em até seis horas após o resultado. “O processo de doação é bastante criterioso e também respeitoso com com o doador e seus familiares, que estão em um momento extremamente delicado”, completou.

A partir daí, a correria dos transportadores começa. Dependendo do caso, é necessário o apoio de outros órgãos, como a Polícia Militar, na escolta e Corpo de Bombeiros para o transporte. “Eles estão sempre nos ajudando. Quando é coração, é transportado pelo Águia por causa do tempo”, disse a transportadora Fernanda. “Como estamos hoje com a equipe da urologia, da gastro, que o tempo é maior. Mas, no caso de estarmos com um órgão no carro e pegar um congestionamento, pedimos apoio para a Polícia Militar”, completou.

“A gente vive numa corrida contra o tempo”, disse. Para ela, ainda é necessário que a população discuta mais sobre a doação de órgãos. “As pessoas ainda têm poucas informações sobre isso. O governo, as prefeituras, poderiam se envolver mais para as pessoas se conscientizarem mais sobre esse assunto. Você ouve ainda hoje muita barbaridade”, disse.

“O Brasil é o 2° país do mundo a fazer transplante de fígado de doador falecido, e 30° no número de doadores disponíveis. Então temos poucos doadores. Menos da metade da demanda de receptores que temos é atendida a cada ano”, disse a médica Simone Perales. “Cerca de 50% das perdas de potenciais doadores ocorre justamente no momento da entrevista com a família. Ou seja, quanto mais conversarmos sobre o assunto, divulgarmos que um doador ajuda até 8 receptores que há meses aguardam um transplante, mais chance teremos em ter doadores e assim ajudar a salvar essas pessoas que aguardam”, finalizou.

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