Debaixo da lona quente com o ambiente um pouco empoeirado, com muitas luzes coloridas, com as cadeiras lotadas e as arquibancadas apinhadas, ao som chamativo da “Maria Barulhenta” o hino circense invade os ouvidos dos presentes. É o espetáculo que vai começar.
Vestido com uma farda reluzente, cheia de botões, com cartola na cabeça, com gesto de “cheguei” anuncia-se com uma voz empolada: Respeitável público!!!
Com este brado inicia-se o espetáculo.
Você em qualquer das épocas deve ter apreciado a sensação mágica deste cenário cheio de alegrias.
O pão e o circo acompanham a humanidade desde muito tempo e creio que por mais se manterá.
O “pão nosso de cada dia” que até faz parte das nossas orações, sempre serviu para nos alimentar, acompanhado de outras comidas, feito de farinha de trigo, cozido ou assado, se apresentando em diferentes formas e tamanhos, manteve de pé as energias da nossa caminhada. Também outros produtos nos fizeram companhia com grande sucesso: os vegetais; os animais com suas carnes; os marinhos com seus sabores. Neste rol podemos citar atualmente que “o homem não viveu só de pão”, o “homem viveu de pão e banana”.
Em tempos difíceis quando se conseguia comer uma banana até que podia se considerar bem nutrido porque ao olharmos para trás alguém vinha comendo a casca que tínhamos descartado.
Todos os impérios usaram o artifício do “pão e circo” para governar, mantendo-se em equilíbrio, dando pão como sustento e circo para entretenimento. Parece que sempre deu certo, porém atualmente até pão tem faltado.
Como vemos, o governo nesses casos, consegue deixar o povo entretido ficando à vontade nas suas operações. Nestes momentos as agruras da vida são esquecidas, pondo de lado as dificuldades para serem resolvidas depois da bonança. Depois da tempestade costuma vir a ambulância.
Falando de circo hoje estamos com a impressão de que os circos de pequeno porte estão se transformando em um de lona terrestre cobrindo tudo com única lona, onde a política virou o espetáculo, fazendo com que os palhaços se sintam nas grandes arquibancadas humanas, todos com o nariz vermelho, perguntando do que estaríamos rindo, pois o espetáculo estaria sendo orquestrado pelos manipuladores do povo. Com isso, o tempo passa ao som do Boleiro de Ravel, “com os cães latindo e a caravana passando”.
Durante toda a caminhada que conhecemos os circos apareciam em maior número, nos remetendo a um estado de inocência muito salutar. Lembramos nesses momentos de alguns nomes que nos remetem a um estado nostálgico: Circo de Soleil; Circo de Roma; Circo de Moscou; Circo Stankovich; Circo di Napoli; Circo do veneno. Neles você compra o ingresso nas bilheterias. No circo de uma lona só você paga adiantado junto aos impostos que recolhe, pois o “palhaço quem é” é o “Ladrão de mulher”, de acordo com a marchinha de Carnaval.
Da imperfeição dos atos governamentais, aceitos pela razão humana, pois a perfeição nesses casos é difícil de ser obtida, se escondem os governantes, porém a “dor do povo” não tem onde se esconder e assim caminha a humanidade no mar agitado das incertezas e das inseguranças.
Antes estávamos no “mato sem cachorro”, agora estamos “no mato com cachorro”, onde não há caça e as inutilidades aparecem a todo hora.
Continuamos aguardar que o mote “Respeitável Público” se transforme em “Respeitável povo!!!”.
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