ARTIGO

Desejos proibidos

Por Júnior Ometto |
| Tempo de leitura: 3 min

Você já teve algum pensamento proibido? Talvez algum considerado “anormal”? Quem sabe, então, desejos que dificilmente você teria coragem de revelar? Se você já teve algum deles, provavelmente isso te trouxe desconforto, não é mesmo? A dualidade proposta pelo ético e o não ético provoca reações negativas em qualquer ser humano. O desconforto é produzido pelo conflito gerado por esta dualidade e este processo não poupa ninguém. O diferencial está no gerenciamento dele, que, quando não feito ou mal feito, traz vários tipos de consequências. Precisamos considerar também que, seja qual for o pensamento, “brigar” com ele é uma estratégia completamente ineficaz.

Nossos pensamentos e sentimentos são instintivos e, muitas vezes, nos deixam envergonhados e até nos fazem sentir culpa. A reação imediata é afirmar que eles não existem, tentamos evitá-los e até exorcizá-los de nossa mente. O fato é que não conseguimos e eles permanecem lá e, quanto mais tentamos nos livrar deles, mais eles avançam, vitoriosos. A estratégia correta é, primeiramente, aceitar nossos pensamentos sem julgamento e, depois, “conversar” com eles, entendê-los, questioná-los, saber de onde estão vindo e os motivos de terem vindo, ou seja, duvide e critique seus pensamentos e sentimentos e, ao final, decida o que quer, sempre numa postura positiva e de diálogo, não de confronto. Nosso cérebro não aceita o “não”. Ele é teimoso e precisa aprender e desaprender, a todo momento...

Pensar é algo bem diferente de fazer. Já imaginou tudo o que você desejar se tornando realidade? Quantas pessoas você já teria assassinado? Quantas vezes você já teria acertado a mega sena? E por aí vai...

A força do pensamento não age sozinha, mesmo que alguns ainda pensem assim. A vida é dinâmica e, portanto, pensamentos seduzem, emocionam, impulsionam, dão energia, mas o que faz as coisas acontecerem são as atitudes, as ações, a prática. Claro que os sonhos e os pensamentos são motivadores, orientadores e condutores das realizações, mas é preciso saber colocar cada coisa no seu lugar, é preciso ser protagonista de todo esse processo.

De um modo geral, as pessoas não são boas ou más apenas por terem desejos proibidos, pensamentos ruins, agressivos ou, por outro lado e até paradoxalmente, terem atitudes de carinho e afeto. Todos possuem esse conjunto adverso e abrangente, afinal, somos seres humanos, recebemos o dom do pensar e temos, portanto, uma capacidade enorme de criar, imaginar. Para o bem e para o mal...

A reflexão de hoje nos convida, portanto, ao entendimento e ao gerenciamento do limite e do equilíbrio quando tratamos do conjunto pensamento, sentimento e comportamento; fantasia e real.

Deixo a dica aqui, de alguns sinais e alertas de possíveis quadros que estão a caminho de se transformarem em transtornos ou que já se transformaram, nos mais diversos níveis: se você está confuso nesse entendimento ou não está conseguindo gerenciar esse limite ou esse equilíbrio, ou seja, se o real e a fantasia não estão nos lugares que precisam estar; se está havendo dificuldade de controlar o que se pensa com o que se faz, ou se a culpa está trazendo sofrimento e algum desajuste (ou o sinal dele); se os seus pensamentos, desejos e ações estão de alguma forma atrapalhando sua rotina ou invadindo os direitos e a liberdade de outras pessoas, é hora de buscar ajuda profissional. Desejos e pensamentos devem ir somente até onde você autoriza. O poder deve e precisa estar com você.

“Você não se torna iluminado imaginando figuras de luz, mas sim ao tornar a escuridão consciente. Porém, esse procedimento é desagradável, portanto, não popular.” (Jung)

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