CASO JAMILLY

OSS Mahatma Gandhi tem 17 processos por erro médico e danos morais

Por Beto Silva e Roberto Gardinalli |
| Tempo de leitura: 4 min
Álbum de família
Criança tinha apenas 5 anos e não resistiu à picada de escorpião
Criança tinha apenas 5 anos e não resistiu à picada de escorpião

A OSS (Organização Social de Saúde) Mahatma Gandhi, que assumiu a gestão da UPA (Unidade de Pronto Atendimento) da Vila Cristina, em Piracicaba, no dia 1º de julho, aparece como requerida em 17 processos envolvendo erro médico ou danos morais, de acordo com o TJ-SP (Tribunal de Justiça do Estado de São Paulo). Segundo o Tribunal, entre 2019 e 2021, a organização foi acionada sete vezes por erro médico nas cidades de Barretos (um caso), Bebedouro (dois casos) e Catanduva (quatro casos), cidade sede da empresa.

Em relação aos casos de danos morais, foram dez processos encontrados no sistema do TJ-SP. As ações aconteceram também em Barretos (dois casos), Bebedouro (dois casos) e Catanduva (seis casos). Os processos foram iniciados entre 2020 e 2023. O sistema do Tribunal de Justiça não permitiu, no entanto, ter acesso ao conteúdo dos processos.

Piracicaba pode ser mais uma cidade a engrossar a lista de casos que tramitam na Justiça envolvendo a OSS Mahatma Gandhi. Nesta sexta-feira (18), o Ministério Público do Estado de São Paulo recebeu pedido de instauração de inquérito civil para apuração da morte da garota Jamilly Duarte, de cinco anos. A criança morreu no último dia 12, após ser picada por um escorpião.  Ela passou pelo primeiro atendimento na UPA da Vila Cristina e morreu horas depois devido a demora para ser transferida para a Santa Casa, onde faleceu. A UPA da Vila Cristina é um dos centros de referência da cidade para casos de picadas de escorpião, no entanto, a unidade não aplicou o medicamento na menina.

O pedido de investigação foi apresentado ao MP-SP pelos vereadore Laércio Trevisan Jr. E Cássio Fala Pira, ambos do PL. No documento, os parlamentares pedem uma investigação completa sobre possível negligência, verificação das condições de trabalho e capacitação dos profissionais da OSS, avaliação dos protocolos de atendimento e fluxo de trabalho da organização, além de uma análise das medidas tomadas para prevenir eventuais problemas que levaram á morte da criança.

Os autores também pedem que seja apresentado certificado de especialização em pediatria dos médicos que estavam na UPA no momento em que a criança foi levada para atendimento.

A OSS foi procurada para comentar o pedido de investigação, mas até o fechamento desta matéria, não houve retorno.

AUDIÊNCIA - A Câmara Municipal deve apreciar, na sessão de segunda-feira (21), um requerimento do vereador Pedro Kawai (PSDB), que pede uma audiência pública para que o atendimento à Jamilly na UPA Vila Cristina seja esclarecido. O pedido foi protocolado ontem (18), e o tucano solicitou que a audiência aconteça no dia 5 de setembro.

O requerimento cita que "se faz necessário o esclarecimento de todos os envolvidos, principalmente para averiguar se houve erro no atendimento e procedimento médico".

Além disso, o parlamentar cita que a audiência vai servir para entender os procedimentos que foram adotados no atendimento à vítima. Caso o requerimento seja aprovado, serão convocados o secretário municipal de Saúde, Douglas Yugi Koga, a coordenadora do Centro de Controle de Zoonoses de Piracicaba, Eliane Carvalho, o representante legal do Hospital Mahatma Gandhi, Luciano Lopes Pastor, a coordenadora de contrato do Hospital Mahatma Gandhi, Rafaella Giraldi e o responsável pelo plantão da UPA da Vila Cristina no último dia 11, data do atendimento de Jamilly.

RELEMBRE O CASO - Jamilly Duarte, de cinco anos, morreu no último dia 12 de agosto após ser picada por um escorpião em uma comunidade na região do Kobayat Líbano. A mãe da menina procurou atendimento na UPA Vila Cristina. às 20h41 na sexta-feira. Após espera de mais de duas horas, ela foi transferida para a Santa Casa de Misericórdia, onde há o soro antiescorpiônico, às 22h45, mas não resistiu e faleceu. A informação sobre a demora na transferência de Jamile foi confirmada em nota da SMS (Secretaria Municipal de Saúde).

Na nota, a secretaria cita que "conforme os relatórios emitidos, o atendimento iniciou-se às 20:47 pela triagem e às 21:03 iniciou o atendimento médico que, tendo em vista a gravidade do caso, encaminhou-a para sala vermelha com objetivo de estabilização do quadro clínico. Foram tomadas as medidas iniciais de suporte clínico para estabilização e solicitada imediatamente a vaga para UTI Pediátrica junto à Santa Casa de Misericórdia, onde deu entrada às 22h45 diretamente na UTI levada pelo Samu", citou a pasta.

Em outra nota, a secretaria informou que o soro estava disponível na UPA, porém, não foi possível administrar o antídoto porque Jamilly estava desidratada. A OSS Mahatma Gandhi foi questionada pelo JP sobre os protocolos utilizados, mas não respondeu aos contatos.

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