Há algum tempo atrás, numa sessão de terapia de casal, não me recordo quando, um dos pacientes me apresentou um texto (sem autoria) abordando a dificuldade de terminar um relacionamento. Achei muito interessante e divido com vocês agora:
“Às vezes relutamos em escrever um final para aquilo que, literalmente, “amarga a nossa vida”. Muitas vezes estas condutas, relacionamentos ou padrões de pensamento respondem a uma necessidade: a de evitar um mal-estar imediato. Evitamos o confronto com a realidade nos refugiando na dor.
O que acontece é que esta evasão pontual da dor, sem enxergar mais longe, às vezes nos leva a um desastre vital. Prolongamos relacionamentos com pessoas que nos humilham a um preço baixo ou estamos presos a hábitos que não podem nos aproximar do que desejamos a longo prazo. Às vezes temos que mudar a nós mesmos e outras vezes simplesmente colocar um fim. E em outros casos, é preciso fazer os dois.
Precisamos ser conscientes de quais são os aspectos das nossas vidas que já não estão nos favorecendo nem compensando, que a única coisa que fazem é nos dar maus momentos para colecionar. Algumas dicas de reflexão para verficar se alcançamos um ponto de não retorno em um relacionamento:
- qual é a freqüência com a qual uma pessoa faz você se sentir mal e faz você se sentir bem;
- que tipo de hábitos estão prendendo você a uma rotina que não é ideal para alcançar o que você deseja a curto prazo nem para enfrentar o seu mal-estar atual;
- que padrões de pensamento levam você à neurose: pensar no que não tem solução, levar um problema pessoal para o seu trabalho, pensar constantemente no que você tem que fazer, etc.
O preço de não colocar um fim é alto: destruir a sua autoestima. Às vezes é inevitável que nos machuquem e que nos decepcionem. Isso foge do seu controle, mas o como você reagir diante a esse dano e do agressor fará a diferença. Se continuar dando oportunidade ou justificando condutas que já não têm justificativas, estará destruindo a sua autoestima.
Podem ser hábitos ou relacionamentos tóxicos de muitos anos que deixou que te consumissem, que constantemente estragam o seu bem-estar emocional e os seus sonhos.
Chegou a hora de ser saudavelmente egoísta. Pare com o que te prejudica, foque no que é saudável e renove o cenário da sua vida. Não aceite continuar boicotando a sua dignidade. O preço de não dar um fim é que um dia você terá que fazê-lo de um jeito ainda mais traumático, com muitos mais prejuízos e tendo perdido ainda mais tempo.
Se não dermos um fim a aquilo que está desgastando constantemente a nossa paz interior, jamais encontraremos descanso nas nossas vidas. Dê um fim a aquilo que deveria ter acabado logo depois de ter começado. Se não o fizer, espere um desgaste emocional irreversível que nem você, nem ninguém, merece.
É importante dar-se suficientes permissões para poder recomeçar sem temor nem culpa. Na vida tudo se transforma e muda. A forma como fazemos essas mudanças faz a diferença entre as pessoas que se renovam constantemente e as que acabam vivendo eternamente nos seus dramas passados.
Você pode ter muitas histórias no seu caminho, mas permanecer em uma mais tempo do que o necessário estraga a decisão sadia de transitar por caminhos diferentes. Empenhar-se em repetir sempre as mesmas situações que lhe causam mal-estar é dar poder sobre você a alguém ou alguma coisa que nunca deveria tê-lo.
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