ARTIGO

Um Adeus dolorido a um anjo de 5 anos

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

É triste, porém temos que fazer análise sobre essa tragédia anunciada que atingiu uma família de contribuinte piracicabana. Alertamos que a saúde pública deve ser executada diretamente pelo Estado através do SUS (Sistema Único de Saúde) por servidores concursados e treinados para permanecerem de prontidão para as emergências públicas. Deslocar essa responsabilidade para terceiros é risco gravíssimo e pode causar danos irreversíveis às pessoas.

Ora, pois, veja o resultado de uma negligência anunciada: a filha de Patrícia Duarte, vítima de picada de escorpião, ao ser levada à UPA da Vila Cristina recebeu a informação de que não havia o soro na unidade após mais de uma hora; a criança foi transferida para a Santa Casa, mas veio a óbito no sábado (12). Segundo informações da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, é uma das unidades, juntamente com a Santa Casa de Misericórdia, referência para atendimento de urgência e emergências em caso de acidentes com o peçonhento.

Os servidores públicos, que anteriormente atuavam nessa unidade de saúde, haviam sidos todos treinados e preparados para esse tipo de emergência. Com a substituição destes servidores pelos profissionais contratados pela Organização Social de Saúde Mahatma Gandhi não se preocuparam com esses detalhes!? Foi por negligência que esta unidade, entre uma das credenciadas, deram causa ou concorreram para morte da criança?

Conforme noticiado pelo JP Jornal, em resposta à reportagem, o secretário de saúde informou que os médicos da UPA não conseguiram administrar soro na criança com alegação de se encontrar em estado avançado de desidratação. Os prontuários médicos contendo informações entre o período da chegada da criança a UPA e o efetivo cuidado deverá trazer informações precisas da ocorrência.

É importante, para ilustrar esse artigo, que o Socorro no caso de acidentes com crianças e idosos vitimados com picadas de escorpião deve ocorrer, necessariamente, o atendimento e os procedimentos médicos em 45 minutos após o acidente; podendo ser fatal após transcorridas duas horas.

A equipe que atende esse tipo de emergência deve estar pronta e preparada para a realização do socorro usando de protocolo próprio de urgência emergência, conforme preconiza a doutrina médica.

Inaceitável que no processo de transição da gestão da Unidade de Pronto Atendimento – UPA “Frei Sigrist” Vila Cristina para a Organização Social de Saúde (OSS) Hospital Mahatma Gandhi que iniciou sua atividade no dia 1º de julho de 2023 possa ter ocorrido um “esquecimento” de que a Unidade de Saúde tinha a responsabilidade de ser referência no atendimento de acidentes com peçonhentos e, neste último sábado (12/08) culminado com um procedimento desastroso qual por consequência favoreceu a ocorrência do óbito da menina Jamily de 5 anos.

Ao “G1 Portal de Notícias” a mãe da criança declarou "Ela chegou gritando, desesperada. Todo mundo ficou paralisado. Disse que era picada (de escorpião), mas foram pegando meus dados com maior calma. Se tivessem falado logo que não tinham o soro, eu teria ido para a Santa Casa com minha filha".

É notável desde o início deste governo que prevalece uma ansiedade para se terceirizar a saúde pública no município de Piracicaba, é fato notável que alguns secretários do atual governo apoiados por vereadores defenderam e defendem a entrega das nossas unidades de saúde para organizações sociais, fugindo a responsabilidade de gestão que é atribuída aos governantes eleitos para essa finalidade.

Até onde esses tropeços e percalços não incomodam a administração?

Aproveito para me solidarizar, como representante dos servidores públicos de Piracicaba, com a família pela perda desse Anjo rogando a Deus por sua alma e que conforte a família pelo sofrimento.

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