ARTIGO

“A porca”

Por Walter Naime |
| Tempo de leitura: 3 min

O que é que tem focinho de porco e não é porco, tem rabo de porco e não é porco, tem orelha de porco e não é porco, tem cheiro de porco e não é porco, tem tripas de porco e não é porco?

Você já deve ter ouvido essa pergunta umas dez vezes. No entanto a pergunta permanece viva, porque o nobre suíno, pelos estudos de anatomia é o animal que tem os seus órgãos muito semelhantes aos humanos, e até podem ser substituídos uns pelos outros no uso das cirurgias.

Estávamos esperando que a resposta inicial da nossa crônica não fosse a fêmea do porco, mas sim a feijoada. Com esta resposta lembramos que o prato de alimentação surgido nos tempos da escravidão, feito com os miúdos não aproveitáveis do porco, misturados e cozidos com o feijão, viria a ser o prato muito degustado pelos humanos, que com a semelhança dos seus órgãos, o homem passava a grosso modo, ser um “canibal moderno”, coisa não muito aceita atualmente.

A porca de que iremos tratar é o que forma o conjunto “parafuso e porca”, que serve para apertar qualquer coisa contra outra. Essa porca não tem cheiro ruim, não é mole, não ronca, não procria, não engorda, e sua dureza não permite ser mastigada pois normalmente é metálica ou plástica e servem para apertar.

No caso do parafuso sem a porca, o aperto é feito com uma chave diferenciada e a fixação é feita pela hélice do parafuso. A chave de fenda é a ferramenta usada para esta operação. A porca serve para travar o acoplamento das duas partes do conjunto.

Nos históricos que conhecemos, no cenário sociológico o povo é o que sempre fica entre o parafuso e a porca, sempre apertado entre o sistema político e as manobras dos governantes, que acham que se divertem ao ver o povo espernear.

Parece incrível, mas é a realidade sentida nos tempos atuais, pois a inflação corrói o poder de compra e assim quando você compra qualquer coisa, nos mercados e supermercados, farmácias e outros estabelecimentos de serviços em geral, transporte, vestuários, sente o problema da falta do numerário para efetuar o que deseja comprar.

Desta forma a qualidade de vida é afetada de maneira violenta, e os desastres “das faltas” desse poder leva a população adoecer e vir a falecer.

O estado de ânimo da vida vem caindo e a maioria dos sofredores tendem a jogar a toalha no rinque desistindo da vida trazendo nos que ainda permanecem o desejo de fazer o mesmo.

O retrocesso do desenvolvimento se faz presente com maior intensidade.

Os governantes já perceberam desde há muito tempo que o povo quando no limite suportável acaba aceitando um certo relaxamento administrado pelo poder e assim vem controlando as crises que se sucedem.

As ferramentas que controlam esses apertos são de diferentes fabricações: Executiva, Legislativa e Judiciária, que formam os três poderes da democracia.

A democracia parece ser o melhor sistema sócio-econômico existente. Churchil, primeiro ministro britânico disse “O pior sistema da condição sócio-econômica é a democracia exceto os demais”.

Não é necessário dizer mais nada, pois o sistema democrático continuará vivo, apesar da enxurrada de questões que aparecem a toda hora. São necessárias soluções menos demoradas, cujas formas não estão sendo superadas. Necessita-se tempo e as soluções chegam tarde.

Assim no caminhamento dos apertos e desapertos o povo começa a ficar desejando que a rosca espane. Será que a porca vai perder sua função?

Comentários

Comentários