ESTÉTICA

Doença do silicone: por que mulheres têm feito explante da prótese

Por Nani Camargo |
| Tempo de leitura: 4 min
Prótese mamária: sonho para algumas mulheres, pesadelo para outras
Prótese mamária: sonho para algumas mulheres, pesadelo para outras

Cada vez mais vemos casos de mulheres que têm decidido tirar a prótese de silicone. Algumas por uma decisão meramente pessoal, como a famosa atriz Carolina Dieckmann. "Não me representava mais", disse. Outras, por questões de saúde, como a ex-BBB Amanda Djehdian, que anos atrás "sacodiu" a internet ao tornar público que teve a doença do silicone.

Mas essa doença existe mesmo? É mito ou verdade? "A doença do silicone não é uma doença de fato com comprovação científica, seria um conjunto de sinais e sintomas muito vagos, genéricos como: fraqueza, fadiga, cansaço, indisposição, sonolência ou insônia, dor muscular ou nas articulações, queda de cabelo e depressão. Há alguma relação com doença reumática ou auto-imune, mas também sem comprovação científica de uma relação direta entre causa e efeito", explica o cirurgião plástico Luis Roberto Perez Flores, membro Titular e Especialista pela Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica e que atua há 26 anos em Piracicaba.

O JP também consultou o também cirurgião plástico Alexandre Kataoka, perito concursado da Secretaria da Justiça de São Paulo. "A doença do silicone é uma inflamação local ou generalizada que acontece após o implante de próteses mamárias de silicone. As causas exatas não são completamente compreendidas. Parece que os implantes texturizados estão associados a mais casos dessa inflamação do que os lisos", declarou.

O médico Luis Roberto Perez Flores dá mais detalhes sobre o assunto: "há pacientes que relatam uma melhora desses sintomas com a retirada da prótese (explante), porém, às vezes, esse efeito seria temporário, talvez por efeito placebo, voltando a ter os sintomas prévios; essa vontade de retirar o implante está relacionada em muitos casos com depressão, síndrome do pânico, ou quando a pessoa percebe que 'meus problemas não acabaram' depois da colocação da prótese e continua com a autoestima baixa, não conquista ou manteve algum relacionamento ou emprego, quando percebe que o real problema não era o tamanho ou a forma das mamas; resumindo , doença do silicone de fato não existe, é uma doença do Instagran, induzida pelas mídias sociais, e tem médicos que se aproveitam dessa fraqueza dos pacientes e realizam essa cirurgia do explante mamário para garantir seus honorários, sem realizar uma avaliação precisa com exames e história clínica que realmente justificam e comprovam essa relação de causa e efeito.

Sobre a decisão de colocar próteses mamárias, o médico de Piracicaba pontua: "toda cirurgia tem risco, relacionados com a anestesia, com o ato cirúrgico , pós-operatório, sangramento, infecção, contratura capsular (rejeição da prótese), necessidade de troca a médio e longo prazo, ruptura do implante, câncer na cápsula do implante". Tudo isso, portanto, tem que ser levado em conta. Em linhas gerais, a prótese é um sonho para muitas mulheres.

Paisagista de 43 anos relata drama após sintomas

A paisagista Mariella Giacon, 43 anos, ficou 10 anos com silicone. O que era para ser algo que lhe trouxesse satisfação e prazer com seu corpo, virou, na verdade, uma grande dor de cabeça. E pior: virou doença. Ela não teve outra alternativa senão retirar a prótese. "Passei anos com perda de cabelo, tinha pele e cabelos muito secos, erupções cutâneas, candidíase recorrente, zumbido no ouvindo, dor nos seios, incomodo e muita sensibilidade. Meu corpo estava inflamado. E eu sabia que tinha a ver com o silicone", disse, em entrevista ao JP.

Em janeiro de 2022, ela decidiu tirar a prótese. Fez o explante seguido de lipoenxertia, para manter um volume aos seus seios pequenos. E sua vida mudou, para melhor. Hoje, ela se sente saudável. É outra mulher.

Moradora de Limeira, ela fez a cirurgia em Campinas. Quando as próteses foram retiradas, o susto. "Uma delas estava rachada, contaminando meu corpo sabe-se lá quanto tempo", conta. A paisagista tem incentivado mulheres a aceitar seu corpo. "Colocar silicone é uma decisão que tem que ser muito bem pensada. Eu tirei e estou satisfeita com meu corpo e minha saúde".

TROCA - Sobre a troca da prótese, o cirurgião plástico Luis Roberto Perez Flores explica: "ainda não existe um implante definitivo com garantia de que não vai ser necessário uma troca; seria trocado se ou quando houver algum problema (contratura capsular ou ruptura do implante). Geralmente, um implante pode durar 10, 20, 30 anos ou até mais. Implantes com maior volume 300 ou 400 ml podem ter mais problemas; a principal causa de troca seria a insatisfação com relação ao resultado estético, aumentar ou diminuir o volume, queda do implante devido a gestação ou flacidez de pele com o envelhecimento ou menopausa, e não problemas relacionados com o próprio implante".

O cirurgião plástico Alexandre Kataoka diz que é mito a história que "tem que trocar a prótese a cada 10 anos". "Não existe data de validade para os implantes de silicone modernos. A maioria dos implantes de silicone são aprovados para utilização por 10 a 20 anos, mas isso não significa que você precise substituí-los nesse período. Esses prazos podem ser superados com segurança, e a maioria dos pacientes só precisa fazer uma substituição na vida".

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