ARTIGO

Expressões da vida

Por André Salum | 04/08/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A vida, além dos insondáveis mistérios que nos escapam à apreciação, se apresenta igualmente em expressões que nós, como seres conscientes, podemos, até certo ponto, sentir e compreender. De acordo com uma concepção holística, a vida universal se manifesta em inúmeros planos, níveis e reinos, como podemos perceber na dimensão física em que nos encontramos.

Os diversos reinos e a multiplicidade de espécies de seres vivos são expressões do infindável poder criador da Natureza. Vegetais, animais e humanos se interconectam e compartilham a casa planetária em que todos vivemos.

Diversos instrutores, os quais nos têm compartilhado valiosos ensinamentos, revelam que há incontáveis formas de vida, em diversos planos, níveis e mundos, compondo as “muitas moradas da Casa do Pai”, conforme afirmou Jesus.

Atendo-nos apenas ao nosso acanhado domicílio planetário, insignificante ponto na vastidão cósmica, reconhecemos que todas as formas de vida se interconectam e se influenciam. Há uma interdependência entre todos os seres, conforme contemplada pela visão ecológica. Sob tal perspectiva, nenhuma espécie vive separada das demais e nenhum ser vive sem depender de inumeráveis outras formas de vida. A espécie humana faz parte de uma imensa rede de vida, teia que se espalha por toda a superfície do planeta, em que cada indivíduo e cada espécie desempenha funções específicas nesse vasto movimento orgânico e integrado.

Mesmo do limitado ponto de vista material, antes de se ter concepções mais profundas, abstratas e abrangentes, pode-se compreender que existe uma interdependência entre os seres e uma indissociável interação com fatores ambientais. Dependemos da água pura, da integridade do solo, com todos os seus elementos minerais e microbiológicos, da qualidade do ar, dos demais reinos e da estabilidade climática para existirmos como espécie.

Apenas dizer que dependemos de todos esses e de outros fatores para nossa sobrevivência e qualidade de vida seria uma visão antropocêntrica e egocêntrica, pois temos um papel a cumprir em relação à Natureza. Como humanidade, a consciência que já despertamos nos torna responsáveis em relação aos seres dos outros reinos. Por isso, o despertar da consciência ecológica se faz urgente, inadiável, para que abandonemos definitivamente a posição de destruidores e predadores da Natureza. Até hoje temos nos comportado de modo destrutivo e irresponsável, causando incalculáveis danos à vida planetária, da qual somos parte, mas que, pela nossa imensa ignorância, temos desprezado e destruído. Basta que reflitamos sobre nossa conduta em relação aos nossos irmãos animais, que têm sido massacrados brutalmente em matadouros, ao lado de florestas devastadas, rios e oceanos poluídos, atmosfera contaminada… Esse é o triste reflexo do estado de consciência que ainda predomina em nós.

Felizmente, porém, aqueles que despertam para as realidades espirituais naturalmente desenvolvem maior consciência ecológica, e vice-versa, pois espiritualidade e ecologia são faces de uma mesma moeda, representando uma atitude de respeito, reverência e amor pela vida em todas as suas expressões. Esse estado de consciência, verdadeiramente espiritual, torna o ser incapaz de destruir ou causar dano intencional a qualquer ser vivo, passando, como natural expressão de seu estado interior, a respeitar os demais seres e a protegê-los, tanto humanos como dos demais reinos, ao reconhecê-los como expressões da mesma vida universal.

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