ARTIGO

Piracicaba (257) herança Benedicta est

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

Seria importante entender Piracicaba a partir do seu conceito urbanístico. Reproduzimos essas informações extraídas de acervos preservados pelo Instituto Histórico e Geográfico de Piracicaba e outros colaboradores, é um tema interessante e importante no aspecto historiográfico e urbanístico para as futuras gerações.

Nosso objetivo é trazer um entendimento sobre o desenvolvimento urbano de Piracicaba desde uma ótica centenária de desenvolvimento e evolução a partir da participação humanizada e de gestões públicas desenvolvimentistas. Nosso sistema de urbanização tem influência no urbanismo pombalino português, nos traçados de arruamento da cidade e bairros (origem nas antigas sesmarias, fazendas ou chácaras).

O modelo de urbanização adotado para organizar e construir nossa Noiva da Colina remonta dos anos 1755, quando um terremoto destruiu parte da cidade de Lisboa (Portugal). Espelhados na reconstrução das cidades lusas, esse sistema de urbanização pombalino também fora aplicado em várias cidades brasileiras, incluindo Piracicaba. Nossa cidade (às margens do rio Piracicaba) fora ocupada para garantir segurança ao ouro trazido de Cuiabá e o abastecimento do Forte de Iguatemi na fronteira com o Paraguai.

Antônio Corrêa Barbosa, como já é sabido, em desobediência ao Capitão General de São Paulo, Morgado de Matheus, escolheu outro terreno de sua preferência para iniciar a povoação que tinha como destino a foz do Rio Piracicaba e acabou por ser construída quase 100 quilômetros a montante.

Felipe Cardoso (ituano) foi o primeiro povoador das nossas terras, em 1726, recebendo áreas de sesmaria nas cercanias do porto do rio, berço de nascimento da cidade, de onde se desenvolveu. Nesse período até 1760, tínhamos uma comunidade formada por índios, mestiços e brancos dedicada às roças de milho, mandioca e feijão e à exploração da caça e da pesca, além das plantações da erva salsaparrilha, produto medicinal rico em flavonoides e saponinas quais lhe conferia propriedades anti-inflamatórias.

Em seu primeiro levantamento topográfico datado de 1823, encontram-se as seguintes ruas: da Praia (Av. Beira Rio), do Rosário, da Constituição ou do Pau Queimado (Alferes José Caetano), da Matriz (Boa Morte), de Santo Antônio (Gov. Pedro de Toledo), da Glória (Benjamim Constant), essas paralelas ao Rio Piracicaba. As perpendiculares eram: a dos Passos (Prudente de Moraes), do Conselho (São José), Estrada do Picadão para Mato Grosso (Rua Moraes Barros), da Quitanda (XV de Novembro) e dos Ourives (Rangel Pestana).

Piracicaba é um dos 20 maiores municípios do Estado de São Paulo. Essa história é do vilarejo que hoje se constitui em uma região metropolitana, foi pioneira no processo de industrialização e na navegação fluvial e fabricação de embarcações em São Paulo. Passados alguns anos, ampliamos nosso desenvolvimento com a chegada das ferrovias.

À medida que as gestões da cidade se faziam de forma responsável, incrementava-se a produção agrícola e a constituição civil somados à industrialização que acompanhava o desenvolvimento e aperfeiçoava o urbanismo. Ocorrerá uma intensificação imigratória no final do século XX com os primeiros imigrantes a se instalarem em nossas plagas, alemães e os suíços; esses últimos montaram a primeira casa industrial na cidade, também a primeira do gênero em São Paulo.

Um pequeno relato da nossa mais importante herança, “beata expositio, quando res redimitur ab interitu lingae hominis”. Parabéns, minha cidade pela comemoração dos seus 256 anos.

Comentários

Comentários