ARTIGO

Um planeta em colapso

Por José Osmir Bertazzoni |
| Tempo de leitura: 3 min

As atividades humanas, quando as suas ações ocorrem de forma descontroladas, mudam a natureza, aparentemente em “nosso favor”. Os desmatamentos sem critérios ou responsabilização, ocupações de terras indígenas e de preservação ambiental para garimpo ou derrubada de florestas, construção de barragens e usinas elétricas, desocupação das margens de rios para infraestrutura, implementação em grandes áreas de complexos sistemas agrícola e industrial; é certo que melhoraram muito a nossa qualidade de vida gerando emprego, renda e bem-estar, porém, não é gratuito esse empréstimo. Quanto custa essa evolução para a humanidade? Contraímos uma dívida com a natureza que poderemos pagar? O nosso ecossistema está contaminado, não temos ar fresco para respirar, falta de reservas de água-potável (ou escassez) em muitos países. Vivemos o aquecimento global como realidade incontestável, estamos enfrentando as maiores temperaturas já registradas pelo homem em diversas partes do planeta.

Os poluentes são depositados em todos os cantos do planeta e até no espaço sideral formando uma vastidão de lixos tóxicos em prejuízo a natureza e ao próprio homem; as nossas paisagens estão se desfazendo diante dos nossos olhos, as belezas dos montes e dos horizontes, versada pelos poetas formam um rastro de destruição e fumaças. Todos nós gostaríamos de fazer duas perguntas: como faremos para sobreviver num planeta hostil destruído pela ganância humana? Não seria melhor resolvermos essa pendência enquanto há tempo? Mesmo que resolvêssemos os problemas que já criamos, os quais rodeiam castigando-nos... Poderemos mudar essa realidade? Que termos que pagar essa dívida não restam dúvidas.

A União Europeia deu um passo à frente e decidiu mudar de rumo com o Green Deal e a Next Generation EU (O Acordo Verde Europeu, aprovado em 2020, é um conjunto de iniciativas políticas da Comissão Europeia com o objetivo primordial de tornar a União Europeia (UE) neutra em termos climáticos em 2050). A lei de restauração da natureza, acolhida no Parlamento Europeu teve voto contrário dos partidos de direita.

Restauração da Natureza. Não faz sentido falarmos sobre o aquecimento global e desmatamento da Amazônia se não fizermos esforços para remover os impactos que tornam necessária a própria restauração — de como vamos construir um universo favorável à nossa sobrevivência. Criamos mecanismos gigantes para suprir a sobrevivência do homem no planeta e esquecemos de olhar para a sobrevivência do próprio planeta que abriga o homem.

Um destes mecanismos é a pesca industrial somados a muitos outros impactos, leva ao esgotamento dos recursos pesqueiros, de nada adianta restaurar esses recursos se os habitats são destruídos e os recursos são retirados com intensidades superiores à sua capacidade de renovação. O “Agro é pop, agro é tech, agro é tudo” despeja toneladas de pesticidas em terras agrícolas, poluindo as águas subterrâneas (e envenenando-nos), é inútil recuperar os locais poluídos e continuar a poluir. Os nossos rios são represados e alterados com construção de complexos em concreto armado e retira a possibilidade da ocorrência da "piracema" necessária a sobrevivência de muitas espécies de peixes, não permitindo a reprodução, além de desviar o fluxo natural das águas, prejudicando grandes aglomerados urbanos que se veem as voltas com o desabastecimento e sem água potável.

Não restam dúvidas que temos a obrigação de fazer a restauração das biodiversidades — tremo ao pensar que alguém não acredita que precisamos urgente restaurar a natureza — não entendem a necessidade de eliminar os impactos que virão se nada for feito.

As explicações têm sido dadas pela comunidade científica das consequências das nossas ações e omissões que conduzem a natureza a um colapso total.

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