ARTIGO

Pedofilia / Abuso Sexual – Algumas reflexões (2/2)

Por Luiz Xavier |
| Tempo de leitura: 2 min

Os profissionais de saúde são os primeiros a terem contato com a criança abusada sexualmente. A falta de preparo destes profissionais, relacionada às condutas a serem tomadas, o receio das implicações legais o medo de represália por parte do agressor e ainda a descrença no Sistema Judiciário Brasileiro, são causas importantes que dificultam a denúncia.

A violência contra crianças e adolescentes ainda pode ser definida como efetiva ou presumida. O Código de Ética Médica reforça que é vedado ao médico revelar fato de que tenha conhecimento em virtude do exercício de sua profissão, salvo por justa causa ou dever legal.

É constatado que, por volta de 85% dos casos de abuso sexual em crianças e adolescentes, ocorre com pessoas que elas conhecem, confiam e amam, sendo o agressor um membro da família ou alguém de quem elas dependam afetiva e financeiramente. Em algumas situações, mesmo que a criança possa, inclusive, sentir prazer pelo contato físico e manipulação, as suas necessidades emocionais presentes e futuras, são desrespeitadas pelo agressor.

O abuso sexual é de difícil detecção devido ao silêncio das famílias em torno do assunto, o que impede a sua imediata interrupção, constituindo-se numa forma de violência doméstica. A maioria dos casos de abuso sexual ocorre, portanto, dentro de casa, sem evidencias físicas e repetidamente. A confiança e inocência da criança contra a autoridade e o poder do adulto faz do incesto o mais cruel dos crimes.

As feridas emocionais são intensas, profundas, requerendo às vezes, tratamento durante muito tempo. Os danos psicossociais estão pontuados como dificuldade afetiva, sexual e de socialização, baixa autoestima, além de depressão, por vezes muito grave.

A criança vitimizada internaliza que ela só é importante por causa de sua sexualidade. Percebem que podem chamar a atenção e conseguir o que necessitam utilizando o sexo como um instrumento de manipulação de afeto e poder.

As sequelas psicológicas dependem da idade em que ocorreu a vitimização e das condições psicológicas preexistentes, da história anterior de problemas emocionais, passado de família instável, da extensão da desorganização familiar, da quantidade da violência física, da duração do abuso, do grau de parentesco com o abusador, da frequência e da repetição do ato além da reação das outras pessoas.

Algumas medidas preventivas contra o abuso sexual: é necessário encorajar as crianças a falar, a relatar o ocorrido. É igualmente importante lutar pela igualdade de direitos para ambos os gêneros, despertando na criança desde cedo, os seus sentimentos de cidadania; é necessário chamar a atenção para a importância da educação sexual como um fator relevante para a prevenção. A educação em sexualidade deve ser rotina em todas as instituições, principalmente nas escolas e igrejas; aos adolescentes, deve ser ensinado como evitar situações de risco, a colocar limites sexuais, a estar atentos para o uso de álcool e outras drogas psicoativas; é necessário acompanhar/fiscalizar rigidamente os sites e os conteúdos que as crianças acessam nas mídias sociais/internet.

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