ARTIGO

Para que serve um milionário?

Por Rubinho Vitti | 15/07/2023 | Tempo de leitura: 3 min

Uma das coisas que mais me incomoda ultimamente é perceber o abismo econômico e social existente no mundo. Bilionários comprando tours para o espaço. Megalomaníacos fazendo excursões para o fundo do oceano.

Falam em gastos de milhares, milhões, como quem joga migalhas aos pombos.

Assim, aquela velha frase clichê de que todos somos iguais vai se tornando cada vez mais uma grande bobagem.

Podem dizer que eu tenho um pouco de implicância com futebol, e tenho mesmo, afinal de contas, por que valorizar apenas um esporte entre tantas categorias incríveis que existem por aí?

Outro dia, saltei da cadeira ao saber o "valor" de um dos mais caros jogadores de futebol do mundo, Kylian Mbappé. Sim, jogadores de futebol tem preço e Mbappé custa 210 milhões de euros (R$ 1,1 bilhão).

O craque do Paris Saint-Germain, de 24 anos, tem, sozinho, quase metade do orçamento total de Piracicaba para uso com políticas públicas de cerca de 500 mil pessoas.

Na conta do jogador tem pelo menos 150 milhões de dólares e o salário semanal é de 1,7 milhão de euros (mais de R$ 9 milhões).

Pessoas comuns, como eu e você, por mais esforçados que somos, não veremos nem o cheiro do montante ganho por esse ser humano, em sete dias, para chutar uma bola no gol.

O poder que jovens adultos como Mbappé têm nas mãos é impensável.

Recentemente, o colega de Mbappé, o jogador brasileiro Neymar, de 31 anos, foi multado em R$ 16 milhões por violar as regras ambientais.

O jogador, ao construir uma mansão em Mangaratiba, no litoral sul do Estado do Rio de Janeiro, achou que, por direito, poderia alterar a rota de uma fonte de água doce natural para construir um lago artificial em sua residência, usando ainda rochas e areia da praia.

Outro milionário do mundo do futebol, Lionel Messi gastou 1.502 toneladas de CO2 em apenas três meses para transportar amigos e família no conforto de seu jatinho particular. O montante equivale a 150 anos em emissões de CO2 de apenas um francês médio.

O jogador Daniel Alves, de 39 anos, está preso desde janeiro, acusado de estuprar uma mulher em uma boate na Espanha. Alves diz ser inocente, mas tudo parece provar o contrário.

Muitos jogadores, como ele – ricos e famosos – têm sido, sistematicamente, acusados de abusar de mulheres. Robinho é outro, que foi condenado na Itália por estupro.

Esses são jogadores de futebol, considerados heróis por performances dentro de um campo, chutando bolas para dentro de gols e suas redes. E provavelmente continuarão sendo, mesmo com todo mal que possam causar.

Mas se os maus exemplos parecem ser maioria dentro do universo futebolístico, também existem jogadores que, de fato, se preocupam em usar sua fama e dinheiro para deixar o mundo melhor.

É o caso de Sadio Mané, um dos melhores jogadores de futebol do mundo no momento. Mané cresceu no pequeno vilarejo de Bambali, no Senegal, local de muita pobreza e miséria. Hoje, o craque do Bayern Munich recebe cerca de R$ 100 milhões por ano e gasta boa parte de seus rendimentos para fazer sua comunidade crescer.

Mané ajudou a financiar um hospital que atende 34 vilarejos daquela região, doando R$ 2,8 milhões. Ele também construiu uma nova escola secundária pública no vilarejo, no valor de R$ 1,5 milhão. Ele também já prometeu outras obras como um correio no local.

Além disso, Mané fornece a cada família do vilarejo um pacote de apoio mensal de R$ 375 e fornece computadores para a escola de ensino médio de Bambali, além de ter ajudado na instalação de internet 4G na área. Tudo isso sem holofotes.

Mané é um dos poucos exemplos de como inverter o curso – não de uma nascente – mas de um sistema injusto que, cada vez mais, enriquece indivíduos e empobrece e polui vilarejos, cidades e países inteiros.

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