CAMPANHAS

Pais de João Vitor, vítima de acidente, falam das saudades do filho (ASSISTA AO VÍDEO)

Por Ronaldo Castilho | ronaldo.castilho@jpjornal.com.br
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Alessandro Maschio/JP
Arlindo e Karina Soares pais de João Vitor Scarassati Soares
Arlindo e Karina Soares pais de João Vitor Scarassati Soares

“Deus está no controle de todas as coisas”. Foi assim que os pastores Arlindo e Karina Soares começaram a entrevista concedida ao Jornal de Piracicaba, alguns dias após o acidente fatal com o seu filho João Vitor Scarassatti Soares, de 23 anos, na rodovia Geraldo de Barros. O carro que ele estava, um VW/Virtus entrou embaixo da carreta de um caminhão. Os pais de João Vitor estão encabeçando duas campanhas. A primeira é “Celular e direção não combinam”, alertando para que os motoristas em hipótese alguma utilizem o celular enquanto estão no volante. E a segunda campanha é de orientação psicológica e psiquiátrica para familiares que tenham perdido entes queridos de forma repentina.

Arlindo e Karina contaram que ficaram sabendo do acidente por telefone, com a ligação de um amigo policial. “Nós estávamos cultuando a Deus na cidade de Salto, e teve várias ligações no celular do Arlindo. Vendo que a pessoa insistia muito ele saiu e foi atender, era um amigo nosso que é um policial, que perguntou se o João Vitor estava dirigindo um VW/Virtus", disse Karina. "Meu marido disse que sim, então ele pediu para que fossemos até o local, porque tinha acontecido em acidente”, completou.

Karina também comentou como era João Vitor no dia a dia. “O meu filho era alegria, espontaneidade, cumplicidade, ele só tinha alegria no coração, não via a maldade e tinha um coração de solidariedade", disse. "Ele fazia cestas básicas para entregar para as pessoas em vulnerabilidade, se preocupava com as pessoas mais idosas, algo que na idade dele é mais difícil, os jovens terem esse afeto e carinho pelos idosos. Ele até chegou a trabalhar em uma casa de recuperação de idosos. Eu só tenho recordações boas do meu filho. A gente chora as saudades de uma pessoa muito boa”, disse.

“A grande certeza que temos é que nós ensinamos o caminho para o João Vitor, ele viveu na igreja conosco, e a nossa fé é que o João já está descansando ao lado de Deus. Depois de tudo o que aconteceu, eu perguntei para Deus o porquê. No primeiro momento nós não entendemos e queremos argumentar com Deus, mas Deus foi me explicando ponto a ponto, situações e situações", disse Arlindo. "Tem momentos em que estou caído, tem momentos que estou bem, é uma montanha-russa. Nesse momento tenho que estar forte para amparar a Karina, é nisso que estou pensando, dar todo apoio que a Karina, está precisando neste momento de dor”, explicou Arlindo.

“No culto de domingo eu entreguei meu filho, e volto a dizer sempre que eu dei o melhor para Deus, e devolvi o meu filho para Deus. No domingo um casal veio à igreja e disse que perdeu a filha faz uns oito meses, e que sentem muita dor. Naquele momento, deu um sinal de que eu precisava organizar um grupo de apoio para pais, parentes e amigos que perderam pessoas queridas", disse o pastor. "Então, vamos montar um grupo com psicólogos, psiquiatras, médicos de diferentes especialidades para trazer um apoio. Outro projeto é o 'Celular e Direção não Combinam'. Vamos fazer contato com ONGs, poder público, para que possam nos auxiliar nesta campanha, que é muito importante”, salientou.

“O João Vitor estava no celular conversando comigo e quando ele viu, a carreta estava à frente. Essa campanha é para que nós não possamos ver mais mães e pais chorando. Quero salientar que o João Vitor morreu pelo impacto e não pelo fogo que pegou no carro”, explicou.

Karina também comentou sobre comentários maldosos nas redes sociais que o João Vitor tinha cometido suicídio. “Eu fiquei doida, porque eu ouvi tantos relatos que o meu filho tirou várias pessoas da depressão, com crises crônicas de pessoas querendo se matar. Ele aconselhava pessoas a não cometer esse ato, e quando eu vi algo tendencioso querendo colocar algo negativo e destrutivo a memória do meu filho, isso me entristeceu muito", desabafou. "Podem até comentar sobre a questão da velocidade, mas tristeza meu filho nunca teve. Quando eu ficava triste, ele ficava bravo comigo, ele não gostava de ver os pais tristes, pessoas chorando, eu nunca vi meu filho chorar, mesmo quando o Arlindo ficava bravo com ele. Ele era uma pessoa alegre”, declarou.

“O meu filho morreu porque estava usando o celular, e pode até ser pela velocidade do veículo. Ele tinha vários projetos, estava cursando direito, tinha o intuito de entrar na política, ser candidato a vereador nas próximas eleições. Ele era muito carinhoso e decidido. Meu filho morreu na verdade”, finalizou.

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