Hoje vamos conversar um pouco sobre compulsão alimentar. Ouvimos tanto as pessoas falando sobre compulsão, mas na verdade muitos nem sabem do que isso se trata realmente. Então vamos lá. O que é compulsão alimentar? A compulsão envolve dois elementos essenciais: o primeiro elemento é comer uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo e o segundo elemento e mais importante é o fato de a pessoa ter uma sensação de perda de controle, a pessoa não consegue parar de comer e nunca se sente saciada. Normalmente as pessoas que tem compulsão alimentar, por exemplo, têm também outras coisas associadas, elas costumam comer até ficarem muito cheias, elas sentem culpa e vergonha, elas comem escondido e comem muito rápido para tentar se enganar. E o fato é que a pessoa coloca uma coisa na boca, mas já está de olho no próximo pedaço e isso se repete sucessivamente até que acaba o pacote, o bolo, a torta, enfim, ela só para de comer porque não tem mais e não porque está satisfeita. E o sentimento de ter que comer é intenso e muito difícil de a pessoa conseguir frear, porque comer serve de anestesia para as suas dores da alma, mas quando ela come a sensação de remorso chega como um foguete. E o ciclo se repete dia após dia, as roupas já não lhe caem tão bem quanto antes, assim como sua autoestima.
E aí você pode estar se perguntando qual a diferença entre um hábito e uma compulsão. Cada vez que experimentamos uma sensação positiva, o nosso cérebro registra esta informação e pede que a façamos novamente. Isso é possível por meio de um neurotransmissor conhecido como dopamina. A dopamina é capaz de transferir para o organismo sensações de prazer e bem-estar, podendo ser acionada por algumas situações como comer chocolate, dar um abraço em quem amamos, assistir um filme ou jogar videogame, praticar esportes ou até mesmo pelo consumo de álcool e outras drogas. Esse é um mecanismo que faz com que nós, seres habituados a padrões repetitivos e que valorizamos as sensações de recompensa, sejamos inclinados a comportamentos que nos levam aos hábitos e compulsões. Esses termos muitas vezes se confundem como disse no início do artigo. Sabermos diferenciá-los é essencial para que saibamos quando é necessário buscar um tratamento.
O hábito, por exemplo, se caracteriza por ações que se aprendem e se repetem regularmente de forma consciente ou não. Imagine alguém que todos os dias ao acordar tem o costume de tomar uma bela xícara de café e assim se sente bem em seguir o seu dia, podemos dizer que está pessoa tem um hábito.
Agora imagine a mesma situação, só que desta vez, não são ainda nem 10 horas da manhã e a pessoa já tomou 5 xícaras de café, e mesmo assim, ainda não se deu por satisfeita. Quando isso acontece, podemos afirmar que trata-se de uma compulsão. A necessidade de tomar café várias vezes durante o dia, ou comer de maneira exagerada, sem se sentir saciada daquele desejo, sem dúvida é uma compulsão. Nestes casos o cérebro já não consegue reconhecer mais um estado de satisfação.
Usei o exemplo, do café, mas poderia usar qualquer outro, como a compulsão por compras, sexo, trabalho ou atividade física. Tudo o que é feito de forma repetitiva e a pessoa não consegue mais se sentir satisfeita.
Ao acordar, o compulsivo tem o desejo de fazer diferente, mas ao primeiro contato com o que lhe põe a prova tudo está perdido e ele se rende a compulsão, porque precisa de migalhas de “bem estar”.
A compulsão gera sofrimento e a pessoa afeta muitas outras áreas da sua vida, como seu ciclo social, suas finanças, seu relacionamento, sua saúde tanto física quanto mental e este é um gatilho e tanto para uma depressão.
Tentar preencher vazios existenciais com qualquer coisa externa é uma ilusão e isso só lhe causará prejuízos.
Se perceba, perceba os seus e busque ajuda! Com carinho, Fabiane Fischer.
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