ARTIGO

Compulsão alimentar

Por Fabiane Fischer |
| Tempo de leitura: 3 min

Hoje vamos conversar um pouco sobre compulsão alimentar. Ouvimos tanto as pessoas falando sobre compulsão, mas na verdade muitos nem sabem do que isso se trata realmente. Então vamos lá. O que é compulsão alimentar? A compulsão envolve dois elementos essenciais: o primeiro elemento é comer uma grande quantidade de alimentos num curto período de tempo e o segundo elemento e mais importante é o fato de a pessoa ter uma sensação de perda de controle, a pessoa não consegue parar de comer e nunca se sente saciada.  Normalmente as pessoas que tem compulsão alimentar, por exemplo, têm também outras coisas associadas, elas costumam comer até ficarem muito cheias, elas sentem culpa e vergonha, elas comem escondido e comem muito rápido para tentar se enganar. E o fato é que a pessoa coloca uma coisa na boca, mas já está de olho no próximo pedaço e isso se repete sucessivamente até que acaba o pacote, o bolo, a torta, enfim, ela só para de comer porque não tem mais e não porque está satisfeita. E o sentimento de ter que comer é intenso e muito difícil de a pessoa conseguir frear, porque comer serve de anestesia para as suas dores da alma, mas quando ela come a sensação de remorso chega como um foguete. E o ciclo se repete dia após dia, as roupas já não lhe caem tão bem quanto antes, assim como sua autoestima. 

E aí você pode estar se perguntando qual a diferença entre um hábito e uma compulsão. Cada vez que experimentamos uma sensação positiva, o nosso cérebro registra esta informação e pede que a façamos novamente. Isso é possível por meio de um neurotransmissor conhecido como dopamina.  A dopamina é capaz de transferir para o organismo sensações de prazer e bem-estar, podendo ser acionada por algumas situações como comer chocolate, dar um abraço em quem amamos, assistir um filme ou jogar videogame, praticar esportes ou até mesmo pelo consumo de álcool e outras drogas. Esse é um mecanismo que faz com que nós, seres habituados a padrões repetitivos e que valorizamos as sensações de recompensa, sejamos inclinados a comportamentos que nos levam aos hábitos e compulsões. Esses termos muitas vezes se confundem como disse no início do artigo. Sabermos diferenciá-los é essencial para que saibamos quando é necessário buscar um tratamento.

O hábito, por exemplo, se caracteriza por ações que se aprendem e se repetem regularmente de forma consciente ou não. Imagine alguém que todos os dias ao acordar tem o costume de tomar uma bela xícara de café e assim se sente bem em seguir o seu dia, podemos dizer que está pessoa tem um hábito.

Agora imagine a mesma situação, só que desta vez, não são ainda nem 10 horas da manhã e a pessoa já tomou 5 xícaras de café, e mesmo assim, ainda não se deu por satisfeita. Quando isso acontece, podemos afirmar que trata-se de uma compulsão. A necessidade de tomar café várias vezes durante o dia, ou comer de maneira exagerada, sem se sentir saciada daquele desejo, sem dúvida é uma compulsão. Nestes casos o cérebro já não consegue reconhecer mais um estado de satisfação.

Usei o exemplo, do café, mas poderia usar qualquer outro, como a compulsão por compras, sexo, trabalho ou atividade física. Tudo o que é feito de forma repetitiva e a pessoa não consegue mais se sentir satisfeita.

Ao acordar, o compulsivo tem o desejo de fazer diferente, mas ao primeiro contato com o que lhe põe a prova tudo está perdido e ele se rende a compulsão, porque precisa de migalhas de “bem estar”.

A compulsão gera sofrimento e a pessoa afeta muitas outras áreas da sua vida, como seu ciclo social, suas finanças, seu relacionamento, sua saúde tanto física quanto mental e este é um gatilho e tanto para uma depressão.

Tentar preencher vazios existenciais com qualquer coisa externa é uma ilusão e isso só lhe causará prejuízos.

Se perceba, perceba os seus e busque ajuda! Com carinho, Fabiane Fischer.

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