ARTIGO

Obesidade: a relativização de uma doença que pode levar a morte

Por Rogério Cardoso | 19/06/2023 | Tempo de leitura: 3 min

A cada dia pelo apelo das mídias sociais e alguns meios de comunicação tem sido cada vez mais comum as pessoas levantarem a “bandeira” a favor da obesidade, defendendo que este é um movimento de aceitação do próprio corpo e uma forma de acabarmos com o preconceito contra as pessoas que estão acima do peso. Uma coisa é a chamada “Gordofobia” que é o preconceito ou ódio contra pessoas gordas e isso deve ser combatido, afinal, devemos sempre falar sobre a dignidade e sobre o respeito das pessoas gordas de existirem.

A obesidade é um problema de saúde pública em crescimento que demanda atenção global. Que a pessoa fora dos “padrões” estéticos, como os obesos, não deve sofrer preconceito é fato. A obesidade é uma doença, não é desleixo ou falta de vontade. Nenhuma brincadeira ou discriminação sobre esse estado deveria acontecer. Mas, infelizmente, acontece e deixa marcas que podem impactar por toda a vida. Aliás, estou relutando há alguns meses em escrever este artigo a pedido dos leitores, porque o tema é muito controverso.

Normalizar a obesidade ou até mesmo celebrá-la, ignorando os riscos à saúde associados a ela é uma contradição. Vemos na mídia que frequentemente retratam a obesidade de forma positiva, promovendo a aceitação corporal sem considerar as complicações médicas que acompanham essa condição. No entanto, é crucial reconhecer que a obesidade é uma doença complexa, com sérias complicações, incluindo doenças cardiovasculares, diabetes tipo 2, hipertensão arterial e apneia do sono, entre outras.

Em um recente artigo cientifico intitulado “"Obesity: A Chronic Relapsing Progressive Disease Process. A Position Statement of the World Obesity Federation" que saiu na revista Obesity Reviews mostra que a obesidade está intrinsecamente ligada ao aumento do risco de desenvolvimento de doenças crônicas. O excesso de peso corporal exerce pressão adicional sobre o sistema cardiovascular, aumentando a probabilidade de doenças cardíacas e acidentes vasculares cerebrais. Além disso, a obesidade está associada à resistência à insulina e ao diabetes tipo 2, devido à diminuição da sensibilidade do corpo à insulina. Além disso, está relacionada a distúrbios respiratórios, musculoesqueléticos, hepáticos e até mesmo certos tipos de câncer.

A atividade física por sua vez pode desempenhar um papel crucial no tratamento da obesidade. A prática regular de atividade física tem efeitos positivos na perda e manutenção do peso a longo prazo, além de melhorar a saúde de maneira geral. O exercício aumenta o metabolismo, promovendo a queima de calorias e a redução da gordura corporal. Além disso, ajuda a preservar a massa muscular magra, fundamental para um metabolismo saudável.

A atividade física regular também melhora a sensibilidade à insulina, contribuindo para o controle dos níveis de glicose no sangue e prevenindo ou retardando o desenvolvimento do diabetes tipo 2. Além disso, o exercício auxilia na redução da pressão arterial, no aumento da capacidade cardiorrespiratória, na melhoria da função pulmonar e na diminuição dos fatores de risco associados às doenças cardiovasculares.

Ao entendermos que a obesidade é uma doença que está no CID 10 E-66 (Classificação Internacional de Doenças) vemos que as vítimas da obesidade precisam de um atendimento individualizado humanizado, associado muitas vezes a um tratamento farmacológico e uma mudança de estilo de vida. Combater a obesidade não é estipular um padrão de beleza, e sim evitar que a romantização de uma doença nos leve a perdas tão lamentáveis como as de Jô Soares que teve complicações relacionadas a obesidade ou de um familiar próximo. Até a próxima!

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