EXPECTATIVAS

No aguardo do aquecimento da economia, consumo muda no país; JP tira dúvidas

Uso inadequado do cartão de crédito trouxe endividamento às famílias

Por Nani Camargo | 04/06/2023 | Tempo de leitura: 2 min
nani.camargo@jpjornal.com.br

Alessandro Maschio/JP

Consumidor tem se precavido e economizado
Consumidor tem se precavido e economizado

Você tem segurado gastos? Tem priorizado o que é essencial no seu dia a dia? O resultado do Produto Interno Bruto (PIB) brasileiro no primeiro trimestre de 2023 surpreendeu até os mais otimistas dos analistas. O país cresceu 1,9%, impulsionado pela disparada de 21,6% do agronegócio.

No entanto, dados do IBGE mostram que as famílias têm segurado o consumo. Talvez, para fazer uma reserva para o segundo semestre. Entre janeiro e março deste ano, o consumo das famílias teve uma leve alta de 0,2%. Mas nos últimos três meses de 2022, por exemplo, o indicador havia registrado uma alta de 0,4%, segundo o instituto.

O JP foi tirar dúvidas com um economista. Ele deu algumas explicações sobre a mudança no comportamento do consumidor.

"Em 2017, a Reforma Trabalhista no Brasil contribuiu para mudanças significativas nos padrões contratuais e de renda da população. Aquela tradicional segurança do contrato de trabalho de carteira assinada precisou ceder espaço a outras modalidades de prestação de serviços. Quase que concomitantemente, iniciamos a travessia de uma fase de aceleração nas inovações tecnológicas, que se mostraram capazes de reduzir a demanda por trabalho humano em muitas atividades. O novo contexto exigiu preparo dos candidatos aos postos de trabalho, impondo dificuldades adicionais aos que sofreram algum tipo de restrição no aprendizado, ou seja, grande parte da população", explica Ricardo Buso.

Ele continua: "somando esses fatores, é impossível não visualizar uma insegurança para o consumo da classe trabalhadora, que perdeu poder de negociação de forma significativa, e justamente num momento em que começávamos a contar com avanço inflacionário, corroendo ainda mais a capacidade de compra, nem sempre reposta em negociações trabalhistas cada vez mais raras. Enquanto a participação do trabalho assalariado decaia no total da renda do país, a inflação avançava. De 2017 até o final de 2022 ela registrou 35,59%, que não só ficou mais difícil de ser reposta em capacidade de consumo, mas somou problemas aos muitos que perderam renda até em termos nominais".

O economista avalia que para tentar manter um mínimo padrão de vida, a saída encontrada por muitas famílias foi recorrer ao endividamento e ainda pela modalidade mais cara que existe, o cartão de crédito, "que virou uma bola de neve por parcelamentos astronômicos, sem nenhum incremento patrimonial". A taxa básica de juro do país partiu de 2% ao ano no auge da pandemia para os atuais 13,75% ao ano, mas no cartão de crédito esse patamar é praticamente cobrado ao mês, gerando o famoso superendividamento, que fez disparar a inadimplência, restringindo crédito, explicou ele.

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